Canta o poeta triste canto,
Canta alegre o bem-te-vi!
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Meto a espora no destino,
No vento a me carregar.
A Fortuna nunca tive,
Meu caminho foi o penar.
E o desgosto companheiro
Nunca quis me deslargar.
Nessa passada miúda,
Assunto às coisas comigo,
Finjo a beleza que não vejo,
Para não perder o juízo.
Sou poeta estradeiro,
Trovo a dor neste castigo.
Monto esta Sorte brava,
Sina a me escoicear,
E meu temor é cair
Sem do gosto provar
Dessa tal felicidade
Que tanto ouvi falar.
Não tive o amor de mãe,
Nem abraços de meu pai,
Criei-me só neste mundo
E só a vida me vai.
Canto amor que nunca tive
O amor que da pena sai.
Na enxada e no martelo
Tive os meus brinquedos.
No orfanato da miséria,
Fiquei adulto mais cedo.
Na rudeza do abandono,
Da morte perdi o medo.
Se tantas lágrimas tenho
Na tristeza a me matar,
Alegria contei com uma
Quando comecei a cantar,
Ainda pequeno, menino,
Nos versos a rabiscar.
Na carteira da escola,
Muito no livro aprendi:
Fazer contas com destreza
A descrever o que sofri.
As letras que me cegaram
Cantam-me como o bem-te-vi.
Pensei amar muitas gentes
E de algumas me enamorei.
Sinto ter amado o incerto,
Porque o incerto me tornei.
É que amar exige verdade,
Verdade que nunca achei.
Sim, botei filho no mundo
E tive dois pra criar.
Estudaram, criaram asas,
Vão pela vida a pelejar,
Enquanto pelejo eu
Na saudade a me matar.
Assim termino este pranto
Do pouco que ganhei e perdi,
A vida me foi desencanto
Mas, não importa, eu vivi.
Canta o poeta triste canto,
Canta alegre o bem-te-vi!
Versos & Rimas - Fernando Nandé
Copyright © 2005 by Fernando Nandé, poesia, literatura, Curitiba-PR Brazil.
terça-feira, 7 de novembro de 2017
sexta-feira, 28 de julho de 2017
Arribação
Sou igual ave de arribação
Se o lugar não me dá gosto
Bato as asas, fico não!
Comunhão
Cônjuge: amor com registro em cartório.
Amante: amor terceirizado.
Minha aldeia
Amo minha aldeia
Porque ela é meu mundo
E a vida dos que me cercam
É ela que na manhã
Oferece-me poemas de esperança
É ela que no ocaso me avisa
Dos perigos que hão de vir
Amo minha aldeia
Porque nela está o feitio da paisagem
Que trago em meus cansados olhos
Amo minha aldeia
Porque tu és nela, bela
Amo Curitiba e por isso denuncio
Aqueles que a maltratam
E dela tiram tudo que podem, o sangue
Em amor fingido e interesseiro
Amor que especula
E que se chama dinheiro.
Porque ela é meu mundo
E a vida dos que me cercam
É ela que na manhã
Oferece-me poemas de esperança
É ela que no ocaso me avisa
Dos perigos que hão de vir
Amo minha aldeia
Porque nela está o feitio da paisagem
Que trago em meus cansados olhos
Amo minha aldeia
Porque tu és nela, bela
Amo Curitiba e por isso denuncio
Aqueles que a maltratam
E dela tiram tudo que podem, o sangue
Em amor fingido e interesseiro
Amor que especula
E que se chama dinheiro.
A quem merece
Tolerar por caridade
Gostar sem falsidade
Amar a quem merece.
Simplicidade bela
Houve um tempo
Em que a simplicidade
Era bela e se perfumava
Com Cashmere Bouquet.
Teus passos
Na manhã, oiço teus passos,
Pas-de-deux no meu coração,
Suaves, sonatas de Chopin.
Fratura exposta
Tropecei num verso
E caí aos teus pés:
Fratura exposta no peito.
Chafariz da praça
Chove. Curitiba refresca-se
Como criança abandonada
Em festa, no chafariz da praça.
Curitiba aniversariante
"Bom-dia, aniversariante!"
E Curitiba responde:
"Bom-dia, por quê?"
Ilha Paraná
O Paraná foi feito de travessias d'águas
Europeus pelo Atlântico
Orientais pelo Pacífico
Gaúchos e catarinenses pelo Iguaçu
Paulistas, mineiros, nordestinos
Pelo Paranapanema
Largos rios, largos oceanos...
Europeus pelo Atlântico
Orientais pelo Pacífico
Gaúchos e catarinenses pelo Iguaçu
Paulistas, mineiros, nordestinos
Pelo Paranapanema
Largos rios, largos oceanos...
Largas foram as lágrimas das saudades
Derramadas por nossos antepassados
Neste sertão de pródiga e fecunda terra
Em que na labuta tanta, tanta vida vingou.
Derramadas por nossos antepassados
Neste sertão de pródiga e fecunda terra
Em que na labuta tanta, tanta vida vingou.
Lua acesa
Quem acendeu esta Lua no céu?
Quem me deu essa saudade viva
Em noite tão iluminada?
A Lua de peignoir
Nua, na brancura da pele exangue
A Lua pensa enganar o poeta
Vestida de peignoir rose.
Beijo quente
O beijo
É o termômetro do bem-querer
No amor
O segredo: mantê-lo quente.
Compensa
A única coisa que compensa roubar: beijo!
A cruz do apenado
De vez em quando, a vida, com força de um centurião romano
Nos obriga a carregar a cruz dos outros por compaixão
Carregue, será sofrido, mas não espere gratidão por isso
Os egoístas acharão que toda ajuda é apenas sua obrigação.
Nos obriga a carregar a cruz dos outros por compaixão
Carregue, será sofrido, mas não espere gratidão por isso
Os egoístas acharão que toda ajuda é apenas sua obrigação.
Sonhaste, sonhei
Sonhaste, sonhei
Acordados e de olhos fechados
Beijaste-me, beijei-te.
Chatos ignorados
Ignorar a quem nos chateia revela, antes de tudo, um grande respeito por nós mesmos.
Bonfim
Ela tinha por sobrenome Bonfim
E eu só desejava um bom começo
Não deu certo, enfim.
Imundo
Se o poeta usa "mundo imundo", ele não procura só uma rima, mas a realidade.
Livre, disseste
Disseste a ti que eras livre
E segues delirantes líderes
Que tiram de ti a liberdade.
Perfume de café
Café perfumando esta manhã
Escandalosamente de Sol
Deus tem dias em que capricha.
Bem-me-quer, bem-te-vi
Olhar de bem-me-quer
Sorriso de bem-te-vi
Como viver, Cariño
Sem o bem que vem de ti?
Roubar-te-ei
Roubar-te-ei um beijo
E no teu coração
Hei de viver preso.
Entre os teoremas
Entre os teoremas
Sempre cabe um poema
Tola alma de poeta
Até em números vê beleza!
Vida gasta
Os iludidos dizem:
"Tempo é dinheiro"
Não, meus amigos
Tempo é vida gasta.
O preço da gratidão
A gratidão é algo que se paga
Não com cheque ou cartão
Um abraço é seu único preço.
Fofura
Hás de emagrecer
Mas, sem perder a fofura jamais!
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