segunda-feira, 31 de março de 2014

Jantar íntimo

Pizza quatro-beijos
Temperada com sorrisos
Um bocadinho de mistério
E tua quente carne ao vinho
Sobre a mesa da cozinha
Em fogo, em labaredas. 

O pacto do sovina

Era tão sovina, pão-duro mesmo
Tão egoísta que
No pacto de suicídio
Deu água para sua amada
E sozinho tomou todo o veneno.

Sequestro de luzes

Vontade de virar sequestrador
Manter em cativeiro essas luzes todas
Dos crepúsculos, dos astros e do alvorecer
Enfeitar com todos os brilhos teus cabelos
E no escuro do que sobrar, ao anoitecer
Roubar-te um beijo e sem exigir resgate.

domingo, 30 de março de 2014

Transeuntes em transe

Clamores de amores
Para vidas vazias.
Escuto escondidos
Pedidos aflitos de amor
Quando na rua
Caminho e olho
Para os que transitam
Com seus olhos
Desorbitados
Em espanto e transe.

Clamores

Converso com meu Deus
Em linguagem simples
Falo as línguas
Do meu povo
E do meu tempo
Ao meu povo
Clamo menos
Sofrimentos
Ao meu tempo
Clamo mais
Esperança.

Curitiba, tu és Lua e Sol

Curitiba, tu és a Lua
Com tantos buracos nas ruas
Curitiba, tu és o Sol
Com tantos falsos brilhos
Que te dão e de ti tiram
Dê, minha bela e amada cidade,
Um pé na bunda (dos bem dados)
Nos negociantes da coisa pública
Que te querem tão imunda quanto eles.

Feliz cidade Curitiba

Felicidades, Curitiba
Feliz cidade Curitiba
Pena que, com tanta gente boa
Tanta gente fina neste mundo vão
Foram te dar um prefeito cagão.
Felicidades, Curitiba
Feliz cidade Curitiba.

Cascudos em piás pançudos

Amar Curitiba
É dar cascudos
Nesses piás pançudos
Governantes, incompetentes
Que, com surtos de caganeira,
A enchem de bobagens
Saídas de seus intestinos
Que tomaram lugar da mente.

O sexto marido

E a ré
Viúva má
Que sumira
Com cinco maridos
Tremia
Conduzida sob vara
Para o depoimento
No tribunal
Bela, seria absolvida
Pelo seu novo marido
Já de alma encomendada
A bater martelo
Perante jurados.

Celebra a vida!

Antes de que lamentes o tempo ruim
Picuinhas, gato, cachorro, sogra
Cunhados, imposto de renda, família...
Lembra-te dos que foram há pouco
Sem conhecer este Domingo.
Vive. É dia de celebrar a vida.

Treinamento para a solidão

Há coisas que precisamos de treino e costume:
Viver só, por exemplo.
E digo, há certo engano nisso. Ninguém é só completamente,
Porque dentro de ti está tua melhor amiga, a que realmente quer teu bem.
A Consciência sempre com a mão estendida para ajuda
Sempre pronta para um bom conselho.
E que te diz sem solenidade, mas em piedade: escuta!

sábado, 29 de março de 2014

O peso da terra

Que imortais deuses esses
Que pensam mandar
No mundo e nas gentes
E decidem quem vive e quem morre
Por pensar assim, ou diferente deles
Por certo ignoram
Fato tão corrente
A terra que cobrirá a todos
Terá sempre o mesmo peso
Ao soberbo
E ao indigente.

Aos amigos poetas

Vamos continuar
Pregando no deserto,
Talvez, um dia isso dê certo.
Ou ficaremos roucos
Ou ficaremos loucos
Mas essa é a missão
De quem vive
Pelo coração.

Revolucionário é viver

Para alguns
Revolucionário
É promover o ódio
E a morte
Para mim
Revolucionário
É promover o amor
E a vida

Revolucionário
Meus amigos de Sorte
Do mais roto
Ao mais rico
É simplesmente viver.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Alegre, mas chora

Tenho uma alegria
na minha tristeza
que
de
tão
alegre
chora.

O que nasce no meu jardim

Jardineiros, tão barulhentos
Com seus instrumentos de morte,
Saibais que, no meu jardim
Nasce o calmo silêncio da vida.

Proxenetas da bela Curitiba

Curitiba de antigas lembranças,
Como eras linda, linda, linda.
Hoje, esses proxenetas da boca do lixo,
Esses políticos te sovam, te maltratam.

Ao te tratarem como meretriz,
Esses rufiões de tuas belezas
Ao mesmo tempo, Curitiba,
Em que te enfeiam, te roubam.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Outrossim, outonal

Outonal
Palavra
Que sempre
Desejei usar

Mas não sou simbolista
E não sou da romântica poesia
Dos velhos poetas insanos
Que juravam morrer de amor

Querem-me realista
Pobre pós-modernista
E que se proíbe palavras
E expressões sentimentais

E assim, outonal foi banido
Dos meus duros versos
Como as folhas das árvores
Em outonos outonais

Outrossim, outra sorte
Hei de achar para tal adjetivo
Delicado e fora de moda

Pois ele é justo e cabe em ti
E merece ser colocado
Novamente em voga

Assim

Minha flor fora de estação
Temporã e outonal rosa singela
Que acorda pela manhã
Passeando pelo meu jardim
Flor andante
Vem, vem
Dá-me outonal beijo aqui mesmo
Escandaloso
Daqueles de dar inveja
Nos vizinhos que nos espiam.


quarta-feira, 26 de março de 2014

Demência

Esta é a sina e o sacrifício
É quase insuportável
A demência do mundo
Para se viver no hospício
Tem que se ser louco, ou
Fingir-se de doido também.

A vaca e o bife

-- É uma vaca essa minha irmã!...

-- Sei...

-- Fala pela bunda!...

-- E que bunda!...

-- O que você disse, Raimundo?...

-- Nada! Coitada da minha cunhada...

-- Vaca!...

-- Isso você já disse. A propósito, o que tem para o jantar?...

-- Bife!

terça-feira, 25 de março de 2014

E quanto te vejo!

Quando te vejo -- e quanto te vejo!
Sinto meus olhos em alegria de menino
Saltitantes, revirantes, exaltados
Como se eu tivesse ganho mimo inesperado
Ou a felicidade de possuir o mundo
Só no fato de figurares nos meus olhos
Como flor enquadrada num quadro.

Baez tira Geraldo Vandré da toca

Baez tirou Vandré da toca
Eh, Baez, vou fazer protesto
E vai ser um deus que nos salve
Comendo tapioca, para arrumar
A rebiboca deste país
Em plena praça Castro Alves!

Pátria e meus amores

Quando criança
Nunca tinha ouvido falar de Poesia
Um dia ganhei um caderno
Desses gratuitos do governo
No verso dele, os versos a nossa bandeira
E imediatamente como se inspirado
Por coisa divina, diabólica ou equivalente
Saquei do peito uma sofrível quadra
Que casava flâmula ao que inflama
Depois escrevi versos para a loirinha
A doiradinha que se sentava ao meu lado
Deste momento, enfim
Soube ser predestinado
A cantar minha pátria
E amores, muitos amores num sem fim.

Lirismo & Modernagens

Todo poeta novo; todo poeta em criança
Começa com versinhos apinhados de rimas
Ou até mesmo medidos e metrificados

Mas daí vêm esses modernismos modernos
Dizendo que a vida é desconstrução
Não há o certo e ou errado não
Muito lirismo num mundo desamado
Talvez não caiba não

E que o correto é deixar para o leitor
Descobrir o ritmo que lhe vai no coração
Ritmo das modernagens, das máquinas

Daí o poeta fica brigando com tal crença
E procura desesperado dentro de si
A lira que marca os compassos de seus versos
Pois é no pulso pulsante do Universo
Que se repete o ritmo da criação

E com o tempo, o poeta descobre
No mais elementar dos átomos
Na mais ínfima partícula
Na mais grandiosa galáxia
A cadência e de tudo a pulsação dispersa
O ritmar da infinita e cansada marcha
Da Eternidade que a si se lê e determina
Nosso mistério e propósito nesta imensidão.


Lendo o grande Poeta

Este Sol, esta manhã
Dizem que Deus escreveu bonito
Os versos de luz que te guiarão
Do alvorecer ao fim do dia.

Vai meu amigo, vai meu irmão, vive
Esta claridade pode ser vã e passageira
¿Quem sabe se o Grande Poeta
Acordará inspirado amanhã?

Radiografia

Tem gente que fica bonita
Até em radiografia
Linda por fora, bela por dentro.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O castigo de Netuno

Vestida com o tecido do vento
Na noite de luz de Lua Cheia
Ela se me apresentou
Era do mar a Sereia -- disse-me.

Oferenda da veneranda Deusa
Aos navegantes de braços cansados
Aos homens que ao mar se lançam
E aos oceanos desejam
Como derradeiro berço.

Homens que, pelo isolamento
Pela falta do contato humano
Só têm em paradas no porto
Alguns carinhos e contentamento.

-- Mas, Netuno há de me castigar -- disse-lhe
Não posso, Minha Divindade
Amar, mesmo que por pouco, uma Sereia
É para os mortais sentença de morte.

E ela me olhou com pena
E disse que não -- não para mim
E me afagou os cabelos
E me fez sentir homem pleno
Ali, na areia mesmo, ao luar
Da meia-noite ao amanhecer

Depois, quando eu dormia,
Sumiu, amou-me por uma noite apenas.

E Netuno como castigo não me tirou a vida
Porém, em noite de vento sereno
Coloca no meu coração a baldes
Mais saudades do que as águas do mar.


Excesso

Caótico coração
Bate por nada
Dispara por tudo
-- Sofro do que, doutor?
-- Excesso de amor.

domingo, 23 de março de 2014

A moda pelada

À Ana Clara Garmendia

MOTE

Para que falar em moda
Feminina no Brasil, 
Se saem todas peladas?
(Ana Clara Garmendia)

VOLTAS

Nesta terra tropical
Mesmo no duro Inverno
Para que falar em moda
Se neste danado inferno
O costume que aqui voga
É o de pelado ancestral

Nas rua, a sós, quase nuas
Desfilam, passam peladas
Com suas cuidadas unhas
Sorriem sempre caladas
Em busca de pobre coitado
Que de moda entende nada

O homem brasileiro ilude-se
E na rua aplaude as beldades
Como ainda fossem as índias
Porém se esquece amiúde
Da mulher que tem em casa
Que nada usa sob lençóis.

E aqui fica sem resposta
Essa pergunta mui sutil
A deixar gente abalada:
Para que falar em moda
Feminina no Brasil, 
Se saem todas peladas?

Branca é a Rosa dos Ventos

Ó minha América, Latina América
Nem bem te curam uma cicatriz em teu coração
E fazem outra e mais outra e mais outra

Ó ditadores, ó tiranos, ó farsantes, ó sanguinários
Deitados nos berços populistas da fantasia

¿Se sois bons, por que censurais?
¿Se sois populares, por que torturais?
¿Se quereis o bem, por que fazeis o mal?
¿Se sois generosos, por que o porrete?
¿Se sois honestos, por que tanto roubo?
¿Se sois homens, por que vos fazeis animais?
¿Se sois homens, por que matais?

Mas, cuidai, tiranos! Cuidai com os novos ventos
Há um vento que vem do revolto Pacífico
E outro que sopra nervoso do Atlântico
Um se chama Justiça e o outro Verdade
Os dois hão de se encontrar
E de vossos terríveis crimes contra o povo
Esses ventos cobrarão vida por vida
Sofrimento por sofrimento, ato por ato
Atentai, ó sanguinários farsantes
Branca é a paz, branca é a Rosa dos Ventos.


Tardios arrependimentos

A vida é muito curta
Para se viver sem amor,
Deixá-lo para depois.
E se faz mais curta ainda
Se for para viver longe dele.
Amor, para o simples mortal
Sem hora de ir, porque irá
Sem tempo para despedidas,
Há de ser sempre prioridade.
Da urna lacrada nunca ninguém saiu
Para comunicar ao amado
Tardios arrependimentos.

Das musas e bruxas

Se amas, fala
Não faça como eu
Este tímido poeta
Que demorou 30 anos
Para dizê-lo
E quando disse
Um mês depois
Se arrependeu
Em 30 anos
O amor pode passar
Da musa para a bruxa
Infelizmente
Topei com a segunda
Mas mesmo assim
A ela agradeço
Os mil versos
Que me deu.

sábado, 22 de março de 2014

Um oitavo de riso

Matematicamente, sentimentos são indivisíveis
Ninguém odeia pela metade
Ninguém ama apenas um terço da pessoa amada
Ninguém sorri apenas um oitavo do riso
Caso tu consigas fazer essas divisões
Passa longe de mim, pois tens um coração falso
Mecânico, de aço, sinto muito, não és gente.

Sarar na sexta-feira

Não queira sarar numa sexta-feira
A carência de uma vida inteira
Está cem por cento provado
Amar tem que ser uma prática diária.

O vento e o nó

Virtuose do canto lírico
Cuidou da garganta a vida inteira
Um dia, desprezou um ventinho
E um agudo vingativo, ainda na coxia
Deu um nó nas suas cordas vocais.

O baixo contrariado

O contrabaixo é um instrumento revoltado, do contra mesmo
Dos instrumentos da orquestra, é um dos mais altos em estatura
Mas, por despeito dos outros é sempre chamado de baixo.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Fases da Chuva

Garoa

!.. !.. !..!..!..!...!

Chuvinha

!!!!!!!!!!!!!

Chuva

!!!!!!!!!!!!

Tempestade

!!!!!!!!!!!!

B o n a n ç a
! (        ) !    (     ) ...

Das coisas para se aprender

Enquanto tiver Lua no Céu
Vamos falando da vida
De coisas para se aprender

No suor, vamos ganhando o pão
Na simplicidade tudo vive
Por que tentar ser diferente?

Neste mundo vale ser gente
E sentir nas coisas pequeninas
A grandeza de se viver.

Esquecido, mas não de todo

É verdade, sou um esquecido
Esqueço de colocar um dos pares das meias
Esqueço de colocar as cuecas
Temo o dia em que esquecerei de colocar as calças
Mas não esqueço fórmulas e constantes matemáticas
Um bom verso de amor para dizer a quem amo
As canalhices que fazem contra meu povo
E o rosto dos canalhas que as praticam.

Corrida

Vermelhidão no rosto
Corre
Esbafora-se, corre, esbafora-se
Certas gentes, muitas gentes
Mesmo atletas do coração
Não conseguem se livrar
Da Solidão.

A Trompa de Eustáquio

A contragosto
Eustáquio entrou na banda
Para tocar trompa
Queria mesmo as cordas
Não as vocais
Mas as cordas do contrabaixo.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A Chuva e Villa-Lobos

Escuto duas sinfonias ao mesmo tempo, a da chuva e a de Villa-Lobos. Misturam-se em intensidades: a primeira, breve neste molhado Verão, mas que voltará sempre e sempre para fecundar as plantações, para ser Verão; a outra, beliscando a eternidade em tons graves que marcaram o último século e determinaram este, em início tão violento, tão sem alegria, tão desesperançoso para a humanidade.

terça-feira, 18 de março de 2014

Coxa bamba

Resistirei bravamente
Com minhas pernas bambas
Até que elas se resolvam
Salvarem-se por conta própria
Em desembalada carreira.

Bala perdida estraga os dentes

No tempo dos afonsinhos
Que se perde no sem-fim
Menino chupava bala
Meladas balas de doce
E as mães ralhavam tanto
Pois, estragavam os dentes
Hoje, as balas são perdidas
De chumbo, de cobre e aço
Do revólver ou fuzil
Balas soltas sem destino
Que apavoram tanta gente
E as mães pedem nas suas preces
Proteção aos seus meninos
Para os anjos, não só p´ros dentes
Mas, para o corpo inteiro.


Os governos de nada

Ah! essa incrível capacidade humana
De dar nome e títulos ao nada
Assim,
Temos o nada presidente
Temos o nada governador
Temos o nada prefeito
Temos o nada legislador
E esses nadas se defendem
São solidários em seus vazios
São solidários em suas maldades
E nos seus discursos decorados
Dizem que são os nadas necessários
E o povo que o nada não entende
Tem em seus pratos o nada constante
Esmolas de nada da caridade pública
E por achar o povo agradecido
Em cada eleição o nada aparece
Quer o voto dos que nada entendem
Por causa do seu caridoso coração
E o nada do palanque brada
-- Obrigado, obrigada!
E o povo que nada entende diz
-- De nada, nada! Volte sempre!
E na falta do nada reeleito
Inevitavelmente, outro nada se apresenta!

Não carrego lixo

Não vejo o Faustão, 
Nada da televisão. 
Ignoro quem seja Anita. 
Tenho vaga ideia 
De quem é Luan.
A cabeça me é leve, 
Não carrego lixo; 
Minh´alma é tranquila.

Cestinho de junco

Órfão
Fui colocado num cestinho de junco
Em rio de corredeiras

Com medo
Desejei ser salvo como Moisés

Mas meu cestinho seguiu viagem
Nele ainda estou, nunca vou deixá-lo

Não sei o que vem
Nunca sei

Depois da curva do rio
Navego pelos perigos
Com a desenvoltura
De marinheiro nato
E nada mais me faz susto. 

O fiofó do povo

Nosso valente prefeito
Sempre há de arrumar jeito
De tirar o fiofó da reta
Grande penteador de ovo
Tem na cabeça coisa certa
Colocar sempre na reta
O fiofó sofrido do povo.

Irresponsáveis públicos

-- Morreu na fila da Unidade de Saúde...
-- Ataque cardíaco, sem atendimento...
-- Os responsáveis serão punidos?
-- Não, são tantos os irresponsáveis
Que é impossível punir um responsável só...
-- E que Deus tenha piedade...
-- Piedade da alma dos irresponsáveis públicos.

Para te fazer vivo e tirar a cera do ouvido

Um número incontável de estrelas
Sendo o Sol apenas mais uma delas
Uma Lua, uma Terra enorme
E tudo revela um esforço grandioso
Das forças universais para te fazer vivo
E a tua pergunta - O que faço aqui
Além de tirar cera do ouvido
Para ouvir melhor os jacus do BBB?

As operárias

Canto o azul
Dos esperançados
Canto o cinza
Dos desgraçados
Canto o azul
Dos uniformes
Das operárias
Que deixam a fábrica
Sob o cinza
Do final da tarde.

Rio dos males

Rio dos meus males
Na vã esperança
De que eles digam
Que vão se embora
Pois rir de quem
Nos dá a ruína
É o que nos resta
Nesta tragédia.

segunda-feira, 17 de março de 2014

O prefeito, rará!

O imodesto e abestado
Grande impostor
Jumento juramentado
Diz no circo e na TV
Que ele é a melhor flor
Que em Curitiba já nasceu
Prefeito melhor não há

De fato, em preguiça
Imbatível, rará!
Em incompetência
Imbatível, rará!

Tal bom conceito, rará!
Foi seu anão quem lhe deu, rará!

Seus bobos da corte no entanto
Escondem que a coisa está feia para chuchu
Que o rei está nu!
E que o povo coitado, rará!
Anda cansado de tomar no..., rará!

Elogio ao buraco do prefeito

Ó buraco de rua
Nunca foste tão feliz
És grande e cresces dia-a-dia
Com o prefeito que se tem

Ó buraco de rua
Que a quimera acalentas
De um dia virar piscina
E cumprir a sina de engolir
O prefeito que se tem

Ó buraco de rua
O teu sonho está próximo
Mais alguns dias
E a cidade vira buraco também.

O Verão se despede

¿Quantos Verões
Virão por ti, meu irmão?
Este Verão se despede envelhecido
¿Quantos Verões veremos ainda
Quem os verão e até quando?

Medida do coração

¿Queres medir o teu grau de humanidade?
Olha para teu coração e meça a quantidade
De piedade que nele há e cabe
Piedade e não pena de teu semelhante
Pena é sentimento mau e menor. A piedade é benigna
E só nasce em corações verdadeiramente humanos.

A máscara de Bhaskara

¿Não sabeis o motivo
Ó viventes
Para aprenderdes
A fórmula de Bhaskara?
Pois tirarei da Matemática
A máscara:
Tal fórmula
É código dos ETs
Numa invasão
Quem não a souber
Será condenado
Pela eternidade
A fazer círculos
Em plantações de milho
Recitando o valor de Pí
Até a trigésima oitava
Casa decimal:
3,141618....

Ruas da Lua

Que sujeito mocorongo
Prefeito mongo perdido
Ele que jura ter trazido
A luz da Lua a Curitiba
E para marcar o feito
Algo bizarro e espetacular
Aplaude a rua com defeitos
Sempre a imitar os buracos
Da superfície lunar.

Campeio

Eu campeio amor verdadeiro
Tal qual vaqueiro que em suor
Entre os espinheiros procura
A rês solta, o boi perdido
E só temo uma coisa, que a busca
Qualquer dia, me fira os olhos.

Estoque de carinhos

Quando estou longe de ti
Faço estoque de carinhos
E fico imaginando
Como devo gastá-lo
Sem economia, no reencontro.

domingo, 16 de março de 2014

A Tarde que vai contente

A tarde que foi quente
De mim se despede contente
Nunca será igual a outra tarde
(Nem sei quantas inda tenho)
Mas a esta tarde sou grato
Pois em suas nuvens estratos
Deu-me um poema
E outros que ainda não sei
Mas que estão latentes
Vá... Tarde amiga
Vá ... Tuas luzes pedem descanso
Minha lira iluminada
De ti tem os encantos
Decantados neste canto.

Dos mitos

Lógico,
Vegetariano gosta de pau mitológico:
Palmito.

Nem a Loira Fantasma

Ando numa fase tão lazarenta que, ontem à noite, passei por perto do cemitério e nem a Loira Fantasma me deu mole ou fez convite para uma simples conversa.

Marinheiro de navio fantasma

Marinheiro de navio fantasma de 1814
Dancei mazurca no porto por 3 horas a fio
E fui inscrito no BBBrasil
Seria a dancinha da moda de 2014.
Quanta falta de criatividade neste século!

Traição

Medo de me apaixonar pelas meninas de teus olhos
Traição seria -- te trairia e à primeira vista!

Quando o Amor é morto

Dizer Adeus é como comunicar uma morte
De algo que viveu em ti e foi em ti
Querido e indispensável

Morreu o Amor
Pode continuar querido, talvez
Mas morreu

De nada adiantarão suplicantes olhos
Não se faz vivo novamente o que é morto
Falhaste em manter o Amor em ti vibrante

Prova do sal dessa lágrima que te escapa
E engula tudo que irias dizer em grave instante
Não se faz vivo novamente o que é morto.


sábado, 15 de março de 2014

Arrepio

A Saudade me aperta
Como tu me apertavas
E beija-me
Como tu me beijavas
E me chama no ouvido
Em arrepio,
Como tu me chamavas.

Insuportavelmente feliz

Acordei-me insuportavelmente feliz
Aparentemente sem motivo algum
Não tive vontade de chutar o gato
Não maldisse o barulho das ruas
Passei café e olhei para mim
Absolutamente, não poderia estar assim
Feliz
Mas estava de até sorrir por nada
Olhei para a janela da cozinha
E lá fora a vida seguia
Com as primeiras luzes do dia
Promessa de Sol
Promessas tantas
Inclusive de felicidade
Que de há muito não sentia.

Contra os impostores

A poesia social não pode ser mansa
Porque ela lida com impostores
Que submetem os mais fracos
Pela pilantragem, lábia e força
Por isso dos versos agudos como lanças
Furando a bunda desses vagabundos.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Cunegundes mora em Curitiba

Depois da ponte estaiada
O doutor Pangloss deu o laudo
E o perdido prefeito
Assinou decreto
Declarando Curitiba
A melhor cidade
Deste vasto Universo

Cândido não pensou muito
E rogou a sua bela amada
A gentil e nobre Cunegundes
Para que aqui fizesse morada

Agora Cunegundes é contente
Pois ela e Curitiba têm no nome
A coincidência silábica
Em virtuosa sílaba repetente

Duas letras inconfundíveis
Do buraco que cheira, fede
E exala o que certos políticos
Têm em suas pobres mentes.

Perdoai

Não alimenteis
A vossa alma
Com mágoa

Mágoa colesterol ruim
De nome rancor
Que desfigura
A vida, apaga o Sol
E só traz tristeza

O bom alimento
Para toda alma
É o perdão
Mesmo que demorado
Tardio
Mesmo que nascido
Da própria mágoa

Perdoai
Para que tenhais
O espírito saudável.




As Marcelas de Março

¿Março de marcelas florido,
O que ainda me guardas, se findo?
¿Esta dor que vai me consumindo
E me faz triste e tão aborrecido?

Olho as flores vivas no campo
E clamo pelos antigos cânticos
Aos Céus, a meu bom Deus, aos santos
A sorte dos lírios que canto.

Neste sofrer creio em limite,
Porque minha alma se entrega
À morte ou ao que mais existe.

Em tudo vê cura e se apega
Esta alma, que na dor insiste,
E lenta de mim se desprega.

A Faxina

Veio-me na humildade de pobre braçal
Limpou-me a alma com pano limpo
E juntou meus pedaços espalhados
Pela casa, pelo quintal, por onde andei
Depois, ao certificar-se da boa faxina
Perfumou-me com aromas do bem-querer.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Haikai de caboclo

Sou caboclo, moço
Não vou entrá no seu haikai
Vade satanais!

É de cantá que nói avive
E cantá não se esquece mais
Modernage nos agride
Vá prosá noutro lugá
Haikai pra descorsoá
Tem verso de pé quebrado
Moda boa nunca vai dá.

Ovo na marmita

Ó grande olho amarelo
Que me olhavas da marmita
Juntado aos carboidratos
Do arroz e feijão como brita
Foste minha energia de peão
Que deixei na construção
E lá eternamente habita.

Lâmpada acesa

Quem tem sua princesa
Longe da própria cama
Convém dormir de lâmpada acesa.

Pirraças de Amor

Minha amiga, bom mesmo
Na vida bem temperada
É aquela briguinha de ciúme
Com suas pirracinhas magoadas
Para dar gosto e perfume
Ao amor que nunca se acaba.

No vento

Chegaste no vento
Juntada ao ar que respiro
Amor, por ti vivo.

Sátiro

Eu busco sorriso
Nas cócegas doutro verso
Mui pândego e sátiro. 

O político e o mendigo

Na mais farta mesa
Um político pastava
Bacalhau com vinho.
Na mais triste via
Pobre mendigo rogava
Pelo amor de Deus.

Vagão paulista

Pena do fantasma
Daquele vagão sucata
Pobre alma sem teto.

Fora da faixa

Falei pro tontão
Se atravessa, o carro pega
Pegou. Tá mortinho.

Promessa de nuvem

Essas nuvens cheias
Prometem boa água limpa
Ao meu mundo imundo.

Curvas do rio

Rio tortuoso
Em suas curvas tudo enrosca
Igual ao viver.

terça-feira, 11 de março de 2014

Amo muito e te amo tanto

Amo muito e te amo tanto
Que duvido
Se sou eu, ou se sou o Amor
Quando te canto

E ao duvidar de mim
Sigo cantando
Os teus mais simples gestos
Os teus mais loucos encantos

Canto a ti
Como que sejas minha alma
Pois tu me dizes existir

Canto a ti
Como que sejas divindade
Pois tu me dás a vida.


Escândalo

Não existe o Amor contido!

O Amor que em si não cabe
E o Amor por si somente
Já são exageros d´Alma

Amor exagerado
Amor que tropeça nos próprios pés
Amor escandaloso
Amor piegas
Sempre amor
O Amor diz quem realmente vive
Ama, portanto, escandalosamente
Do contrário, passarás como o vento do nada
Soprando sobre o escândalo que é esta vida.

Cão Estropiado

Ó coração sem dono
Ó cão estropiado
Que a esmo procura
Sobras de amor
Carinhos perdidos
Cantos pra sossego.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Reencontro

¿Para aonde foi todo aquele amor, onde está guardado
Aquele fogo todo, aquele bem-queimar?
Fogueira extinta, fogo morto, só cinzas
Num frio ´´Como vai``... ´´Boa-tarde, até mais``...

Testamento (mãda)

Fiz-te um poema
Livre como o vento desta tarde
Tão claro quanto o brilho deste Sol de Março
Mas em português mui antigo
Porque sinto meu querer por ti
Anterior aos séculos, anterior a mim
A ti, mia molier
Fiz mia mãda
En o nome de Deus
Seendo sano e saluo
Per que de pos mia morte
Meu amor inda será teu.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Inferno Curitibano

Então, neste Carnaval
Vinte e seis pobres almas
Congelaram-se no IML
Vão ganhar lugar no Céu
Ao expiarem pecados
No Inferno curitibano
De violência e morte.

De cara

Olhavam tanto para a bunda dela
Que um dia ficou tão brava e puta
Que trocou a bunda pela cara
E ficou com uma linda cara de bunda.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Assossega a periquita, cumadi!

Cumadi andava no aperreio
Nas quenturas, nos devaneio
Um dia, na tarde da tardinha
Veio, se aconchegô e largô
-- Cumpadi, que calorão!

Disse que não -- tempo afrescado...

Mas daí ela me estranhou
-- Cabra, já chega seu cumpadi... Afrescado...

Olhei pro canto, de revesgueio
E vi cumpadi Aristidi
Ascuitando os passarinho
Com a violinha nos braços
Tentando imitar as vóiz dos bichinhos

Daí oiei pra muié e aconseei
Traí o cumpadi é fácil
Mas num traio amigo
Sou cabra de respeito
Toma um banho cumadi - dos frio
Assossega a periquita...

Cum réiva
Ela nunca mais falou comigo
Nem me zóia na cara

Cumpadi nunca soube disso
E assim nóis avive
Ascuitando passarinho
Espantando a safadeza da quentura
E assossegando a periquita da cumadi
Periquita reiventa que não mais canta
Nem mesmo quando tá calor
De dar nas venta..


Transfusão urgente

Triste meu olhos são
Minha alma precisa
Urgente
De uma transfusão
De alegria
Da alma tua.

Saudade, dor das dores

A minha vida foi feita de dor - dor sempre
E dor a gente não mostra, somente sente
Dor em altar, exposta, é triste vaidade
É dor que se divide em dores por maldade

Tive dores pequenas e dores enormes
Elas todas me deixaram o peito disforme
Dores de doce amor; doce que ficou amargo
Dores apaixonadas deixadas ao largo

Mas, das dores não há pior do que a saudade
Cravada como cruz na solidão da morte
Dos meus que me largaram em vazia amizade

Mas, se a soma das dores nos tira o norte
É preciso arrumar o bem na atrocidade
A fim de que se ria para se fingir forte.


Galinhada completa

Uns gostam das coxas
Uns gostam do peito
Eu gosto de tudo
Se for uma galinha
Há de ser comida
Assim e sem pena alguma
Não tem outro jeito!

Café Forte

Pela manhã
Num ritual de fé
Passo café forte
Para não me esquecer
Como devo ser
Enquanto a vida passa.

No ar




A Saudade usa o teu perfume.

Pra frente

No caminho do tempo
Só há um rumo:
O que está a tua frente
O que passou não mais existe
E ficar parado não adianta
Ele vem, passa e te arrasta.

Doido

Se queres uma vida feliz
Não contraries doido
Não insultes cão raivoso
Não ames gente infeliz.

De ônibus

Tem gente que pega táxi
Para uma estação lunar
Mas eu vou da estação
De ônibus para o bar.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Dueto de caixinhas de fósforos

À noite, já de madrugada
O aposentado cirurgião cardíaco
Era assombrado por olvidados
Corações mortos e sem salvação

Todos batiam e queriam ser ouvidos
Um batia na batida de samba
Outro batia na batida de jazz
Outo batia na batida de tango

E na confusão formada
O coração do cirurgião
Batia na batida de filme
De terror norte-americano

Mas depois se acalmava
E chamava o coração sambista
Para um dueto de batidas
Em caixinhas de fósforos.

A Arte de Escutar-te

O silêncio me aborrece, querida
Deixa eu ouvir teu coração
Quero escutar a minha vida.

Quarta-feira de Cinzas

Na Quarta-feira de Cinzas
Se desfez da fantasia
Olhou para o espelho
E viu que nele estava a pessoa
Que sem graça sempre fora
E sentiu que a realidade
Tem um enredo repetitivo
Que não disputa Carnaval.

Desfaçatez

A imoralidade desses ordinários que dizem governar o país
Chegou a tal ponto que se desculpam dos crimes dizendo
Que os deles são menores perante os outros que os antecederam
Como se fossem ladrões melhores porque roubaram pouco.

OS DEGREDADOS E OS NOVOS LADRÕES

Olhai, meus amigos. Olhai, meus irmãos
Este vasto Atlântico que banha Portugal
É o mesmo oceano desconhecido e abissal
Que trouxe lágrimas de sal a esta nação

Trouxe-nos ele os grandes heróis Cruzados
Que aqui não ficaram
Pois em naus buscavam em todos os mares
As glórias passageiras deste mundo cão

A todo torrão encontrado
Faziam erguer  uma Cruz
E partiam em busca doutras terras
Apenas por Netuno guiados

Mas por desgraça e vontade dos Ceús
Foram essas mesmas naus
Que suportaram o açoite das tempestades
Que aqui deixaram os degredados, os condenados vis
Para escravizar os nativos e formar governos desonrados
Legando aos que viriam triste herança moral de seus crimes
Perpetuada nas leis que penalizam o povo
E livram os verdadeiros ladrões do cárcere.

Assim se formou nossa pátria
Errada e  já tardiamente
Paraíso tropical, que nunca deu certo
Pois o que a governa despreza
O suor de sua honrada gente
E a rouba e a escraviza e a submete
Descaradamente, vergonhosamente

De tal sorte que, qualquer governante
Salvo os poucos decentes
Teve nos degredados
O exemplo que fez seu
Pois sua índole nunca foi heroica
Antes foi sempre má e indecente.

¿Ó Portugal, grande pátria da minha ancestral língua
Pátria de homens de valor, de gente trabalhadora e boas leis
Por que nos levaste quase todos os bons e nos deixaste os trastes?

terça-feira, 4 de março de 2014

Poeta sem remédio

Amor para um cego que não vê caminho
E anda a cambalear mesmo em clara via
Foi-me dado na vida, mas neguei carinho
Para não me prender, para ser poesia

Cederam-me também cadeira numa mesa
A fim de que contasse a vida dos políticos
Coisas de economia, cálculos e aspereza
Ou os que morrem em gráfico torto e analítico

Pagaram-me dinheiro para esses trabalhos
E depois bom descanso e sono com o tédio
Nas promessas de sossego quando grisalho

Mas nada disso quis, a morte e seu assédio
Por trocados eu não mais escrevo e emporcalho
A sina de poeta pobre e sem remédio.

Chuva no Carnaval de Curitiba (2014)

¿Quem convidou a chuva este ano?
¿Quem a trouxe para a festa de Momo
A marcar o batuque curitibano?
Chuva cai
Chuva cai
O que era ruim
Vai ficar mais
Chuva cai
Chuva cai
O que era ruim
Vai ficar mais
Chuva cai....

O pão que mastigo

Sou o miserável poeta
Imerso nas vis angústias
Desta abjeta vida incerta
De macambúzios versos
Escritos de antemão
Pelas frias mãos dos deuses

Escravo dessas deidades
Que meu pão mastigam
Amanhecido e estragado
Pelas lágrimas dos sofridos
Mastigo o pão mastigado
E o vomito por castigo

E pelas mãos lambuzadas
No vômito incontido
Vazam-me versos infetos
Dos excrementos infames
Daqueles que nos dominam
Pela escravidão e rapina

Sou o miserável poeta
Que a alma se compadece
Desse nosso povo pobre
E que se não fosse a sina
De escrever como castigo
Furaria os próprios olhos.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Vale dos Poemas Perdidos

Há um vale desconhecido,
Que me falaram ficar
No meio da Serra do Mar,
Para os poemas perdidos.

Ontem, sei, perdi mais um.
Veio-me à noite, no sono
Querendo coroa e trono
E eu sem lápis algum.

Era bonito, simpático
E o deixei seguir a esmo
No meu sonho sorumbático

Hoje, nada sei do mesmo
Que errático deve estar
Triste na Serra do Mar.

Lavrador de enganos

MOTE ALHEIO

De amor e seus danos
Me fiz lavrador
Semeava amor
E colhia enganos.

GLOSA

Se fosse um ser lógico
Talvez eu soubesse mais
De amor e seus danos

Mas sou coração
E em terra árida teimei
Me fiz lavrador

Nesse pelejar
Nos duros inférteis solos
Semeava amor

Vida de amarguras
Nada de nada ganhava
E colhia enganos.

domingo, 2 de março de 2014

A dor de minha alma

MOTE ALHEIO

A dor que a minha alma sente,
Não na saiba toda a gente.

GLOSA

Ah, se tu soubesses
A dor que minha alma sente,
De mim terias dó

Ao me rir a escondo,
Não na saiba toda gente:
Dói-me viver só!

Não és minha

Sei que não és minha
E nunca serás
¿Mas que custa ao vento
Imaginar
A montanha um dia levar?

Poeta Maldito

-- És maldito, Poeta! -- me acusais

-- Sim, digo e vos respondo com gosto:

Malquisto pelos que governam
Roubam-nos e nos insultam
Mas bendito pelo povo querido
Poeta doutra forma, lambe-saco
Não tem valor nem serventia
É uma farsa, fiasco, um impostor!

A mulher sensual

Existe uma linha tênue separando vulgaridade da sensualidade. Mulheres inteligentes são sempre sensuais e isso sem precisar tirar a roupa.

II

A sensualidade usa um perfume chamado mistério, mistura de leves aromas de desafio, inteligência, ternura e um tiquinho da essência de crueldade.

sábado, 1 de março de 2014

Sede teimosos

Sede vós teimosos
Tal musgo preso na rocha
Pra que sobrevivais

Rindo à toa

A vida não é engraçada
Nada que termina com a morte
Pode encerrar em si alguma graça
Somos nós que rimos em susto
Em medo, desta comédia insana.

Vós sois

Viver
É o mais misterioso
Ato
Vós sois o mistério.

Síndrome de beija-flor

Todo mundo nasce com síndrome de beija-flor
Pois, nada mais justo de tudo se provar o doce
Mas susto vem, quando se descobre o amargo
E pior ainda, que na vida o doce é artigo raro.

Meu perdão

Demoro
Mas, sei perdoar
De todo coração
Com toda intensidade
Porém, nunca esqueço
Sara a ferida
Mas, fica a marca.