sábado, 26 de março de 2016

A jato

Cuida com o que pedes a Deus
E diante dos homens e dos ratos
Pediste Justiça e ela veio montada num jato!

Arte é liberdade

A arte exige do artista a insubmissão, pois sua natureza é a liberdade. Artista submisso a governos, não é um artista, é um lacaio do status quo, que se vendeu por 30 moedas.

Os três josés

Filhos de nordestinos que pediam chuva
Éramos três irmãos josés em homenagem ao Santo
Dois se foram e no meu coração choram
Em chuvinha fina, em saudade contínua, em pranto tanto.

O resto apenas

Não há nada mais encantador
Do que a inteligência...
O resto, amiga minha,
É isso, o resto apenas.

Na estrada II

Na estrada, quase fronteira com o Paraguay,
esperando a tempestade.
O mundo é lugar arriscoso,
aqui ou num aeroporto europeu,
se carece de uma boa reza,

Na estrada

Na estrada, lamento passar correndo pelas cidades
Feito penitente fugindo dos próprios pecados
Sem vê-las, sem senti-las, sem conhecê-las
Sem abraçar os sonhos de suas gentes.

Pão e silêncio

Eu trago as mãos estendidas
Como quem oferece o pão
Feito de verdade e poesia
Para quem tem paz no coração
E aos ingratos em tormentos
Ofereço o silêncio do perdão.

Até o medíocre evolui



Creio na evolução dos seres.

O medíocre, por exemplo,

inevitavelmente torna-se-á

um tolo completo e, sem modéstia,

alcançará a glória dos estúpidos.

Quartinho de despejo



Joga fora o que tu pensas amar e não te ama
Teu coração é o templo das coisas puras e boas
E não quartinho de despejo para velhas tralhas.

Bom destino



Faz o bem para o bem do teu fado
E tua alma se sentirá recompensada
Mesmo que tu não escutes o obrigado.

Nada não



Claros são meus dias
Belos nos meus olhos, suaves em minh'alma
Não me ofereças a noite, a tua escuridão
De ti e da tua mentira não quero nada não.

Mentir para si



Vive na mentira, é a própria falsidade
E diz que isso é felicidade
No dia em que morrer, vai dizer a si
- Ó meu Deus, não morri
Mudei de casa, é uma tumba, a mais linda que já vi!

sexta-feira, 18 de março de 2016

Nos meus velhos olhos

Nos meus velhos olhos
Já cansados, escorados nas muletas das lentes
Trago antiga Esperança
Cada vez mais menina, cada vez mais nova
Em ternura, em contentamento.

domingo, 13 de março de 2016

Domingo burocrático



Tanta coisa para me ocupar neste belo domingo, tanta poesia nas ruas e eu aqui, neste castigo dos textos técnicos, inspirado nas burocracia das tabelas, na falta de beleza dos gráficos. Mas tem nada não, teimoso, entre um frio parágrafo e outro, faço verso para o ocaso sonolento do domingo. Para aquela flor que teve, neste dia, a sua vida inteira em formosura e eternidade
Ao circular por Curitiba
O jovem intelectual imaginava-se
Em sorumbática perambulação
Pelas ruas e cafés de Paris
A indagar em vão a seus sofridos neurônios,
Sobre as teorias filosóficas que lhe obrigavam
A tomar uma atitude existencial
Ser um existencialista
Como Sartre, Beauvoir etecetera e tal

Não e não, não suportava mais não
Aquelas sensações de homem com comichão:
Desorientação e confusão
Face a um mundo
Aparentemente sem sentido e absurdo.