quarta-feira, 6 de maio de 2009

Celas abertas

A Ana Clara Garmendia

Arrependimento mata, Maninha
Se eu soubesse que seria tão duro assim
Tudo de errado teria feito

Teria Cativado a flor
Num jardim somente meu

Teria preso os pássaros
Armado arapuca
E guardado o canto deles
Numa concha pequenina
Abandonada no jardim

Teria roubado a flor do campo
E aprisionado sua beleza
De uma semana
Numa garrafa carmim

Arrependimento mata, Maninha
Se eu soubesse
Roubaria de você o perfume
E o guardaria todo num frasco
Antigo, translúcido, marfim

Arrependimento mata, maninha
Por respeitar o belo
Nada de belo guardei para mim

Estou morto, Maninha. (Verão de 1998).

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