quarta-feira, 30 de julho de 2008

A folga de Abuquerque Maria

Maria Cristina Campos Lago Abuquerque
Num dia fazia-se santa e dizia-se Cristina,
Noutro dia soltava-se, corria-se em campos,
Noutro, acalorava-se e alcamava-se no lago.
De Albuquerque também tinha seus dias
E fechava-se numa fotografia amarela e fria.
Reflexiva, Maria Cristina Campos Lago Abuquerque
Jamais quis ser Maria. Pois ela fazia-se outras.
E Maria apenas... É pobre ser Maria.
Num dia, sentiu-se em quentura n'alma.
Santa Cristina correu-se ao campo,
Atirou-se no lago e por desgraça
Morreu-se.
O guarda-vidas Abuquerque Maria
Deu-se folga.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Todo triste

Triste. Já nasci triste.
Como alguém pode ser alegre
Ao sentir-se, todos os dias,
Os dias todos,
Em todas as horas,
Nos minutos todos,
Na totalidade toda,
Neste gastar-se medonho?

Não existo

Você diz que não existo.
Assim, tão simples.

Pois saiba, não existo mesmo!
Nego-me a existir!
E boa parte da Filosofia
Diz que você está certa!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sofro de poesia

Não me chame, não reclame, nada diga:

Sofro de poesia e meu coração está ausente.

Falo com você depois de pensar nos tolos

E doces versos que me envenenam.

Sou doente assim desde menino:

Sofro de poesia, meu bem!

Em rezas, benzedeira alguma

Conseguiu tirar-me este quebranto

Soprado por anjos nada santos.

Por isso, dou canto às palavras

E vozes aos silêncios d’almas.