terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Inconstâncias

Qu'ria desenredar-me, e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo! (Camões).


Como domar as inconstâncias do espírito;
Suas inquietações com a vida aborrecida
A qual me obrigo e sem querer tal obrigação?

Caso nos céus se façam nuvens claras,
Meu querer é que se façam escuras,
Simplesmente porque gosto da chuva.

Caso tu me digas que me amarás sempre,
Duvidarei da eternidade de teu amor,
Porque tudo que me cerca me diz finito.

Somente os desprovidos de juízo
Podem alcançar a constância de espírito
E ruminar o tempo temperado pelo nada.

Nada há mais constante do que a loucura
Contida em não se contestar, em não se saber.
Somente os alienados têm o espírito em paz.

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