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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Ford
Primeiro apito
Seis horas da manhã repetida
Chaminés nervosas
Tiram o azul do céu
Pois ele não se faz necessário
Segundo apito
Sete horas da manhã sem esperança
A avalanche azul-servil
Desaba sobre o portal fabril
Num automatismo maquinal
Apitos
As oito horas seguintes ainda sem esperança
Tantãs, baques surdos, cronômetros,
Parafusos, arruelas, porcas,
Chave inglesa, martelos, micrômetros
Apito
Seis da tarde, não esperança no inferno
Metade das duas sagradas diárias horas extras
Caldeiras, suores, vapores,
Músculo, porcas, engrenagens,
Apertos, força, controle, tempo
Apito
Sete horas da noite que promete ser igual a todas as noites
Fila, cartão-ponto, pernas
Portão, calçada, rua
Bar, cachaça, amigos, casa
Badalada
Dez da noite que parecia boa e igual a todas as noites
Filhos, choros, cachorro
Sogra, mulher, novela
Marmita pronta, uniforme limpo, sono
Primeiro apito
Seis horas da manhã repetida.
II
"Zé... Ó Zé!
A fábrica já pitou; Zé, alevanta, home!...
Zé... Ó Zé..."
"Que é, muié!?"
"A fabrica pita, é seis, alevanta."
"Humm..."
"Que vida home, todo dia a mesma coisa!"
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Um comentário:
Olá Nandé,
Ótimas tuas poesias. Cotidiano cru e sem aparas. Gostei muito.
Grande abraço,
David
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