terça-feira, 7 de julho de 2009

A caminho de Cocanha


Meus pés são cansados
Mas, a Cocanha chegarei!

Em Cocanha não há pecado
E se houver, um abade esfarrapado
Há de dispensar minha confissão.
Em verdade, em tal cidade
Não viver bem é aberração .

Meus pés são cansados
Mas, a Cocanha chegarei!

Ah, Cocanha fica além de Pasárgada,
Dorme no colo do vento
E tem, em léguas bem medidas,
O tamanho do nosso pensamento!
Lá todos são soberanos,
Porque só há engano
Em apenas ser amigo do rei:
É preciso também ser rei no lugar do rei!

Meus pés são cansados
Mas, a Cocanha chegarei!

Em Cocanha, o amor se tem aos metros
Cantado em versos e de graça dado.
Lá não há o certo e o errado,
O direito e o avesso,
O torto e o perfeito.
Lá cada um é de seu jeito.

Meus pés são cansados
Mas, a Cocanha hoje chegarei!

Lá meus amigos não negarão seus abraços,
As belas mulheres não medirão minha carteira.
E dividirei meu copo servido por Baco
Com o abade gordo, sorridente e bêbado,
Porque em Cocanha não há pecado
Para quem desejou na vida apenas ser e ter estado;
Em Cocanha sou rei no lugar do rei!

Meus pés são cansados
Mas, a Cocanha hoje chegarei!


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