segunda-feira, 23 de abril de 2012

Naquela tarde de sol, vi


Vi, moço, vi sim
E com estes olhos
Que o caruncho há de comer:

Insana, a doidinha deixou o sanatório,
Estava curada, disse o médico

E por assim ser, plena de sanidade,
Ansiosa, ela abraçou a árvore da calçada
E logo, deu um beijo no pipoqueiro
(Na boca, de língua - escândalo!)

Depois, dobrou a esquina
E parou sob as rodas do ônibus
- Uma pancada! Nossa Mãe! -

Comovido, alguém trouxe uma vela
Outro cobriu o corpo com jornal
E tudo isso
Numa louca tarde de sol
Com ipês floridos
E gente sem ter o que comentar, fofocar
Da vida bestial, bestinha, estúpida mesmo...

Sim, vi tudinho, naquela tarde
Em que tudo parecia
No mais perfeito juízo.

Um comentário:

Ana Coeli Ribeiro disse...

Mas os ipês estavam floridos.