quinta-feira, 14 de julho de 2016

Pela manhã


Faze do Sol que brilha por ti A razão dos teus dias E lembra-te que para muitos Ele não brilha mais.

FAces do Pí


O Pí é um sujeito de duas facetas Dois palitos gregos franzinos de chapeuzinho Mas que na equação se mostra gigante Nas reticências do três, quatorze e dezesseis...

reticências


As reticências, três pontos apenas E entre um e outros, os vazios Incertezas da alma e suas penas.

De ti beberei


Meu velho e roto livro Quantos anos ficaste me aguardando Amarelecido na prateleira? Por isso, hei de te dar O meu mais nobre dia A sexta-feira para ler~te Junto ao meu peito Em vez da esbórnia Da conversa fiada dos amigos E dos eflúvios do álcool inimigo Seguirei tuas gordas páginas Guardarei tua lógica aristotélica Numa dança esotérica Marcada no ponto da macumba Em que oferecerei a ti Meus olhos doentes Sei que de mim não guardas mágoas Ou baixo ressentimento No fundo, tu sabias Que num belo dia De tua sabedoria Eu iria me empanturrar e beber.

Segredo II


Todo dia morre algo dentro de nós O segredo para o bem viver É todo dia, por teima, renascer.

Cegos e flores


Cegos são aqueles, os quais ignoram Que as flores também nascem no deserto Em raridade nas suas cores e perfumes.

Linguagens


Se a escola ensinasse todas as linguagens Pois não só a boca, mas todo corpo fala Principalmente os olhos, a verdade da alma Quantos aborrecimentos evitaríamos Quão mais fácil seria este ato de viver.

Pascácios e bocós


Pascácios da ficção, bocós das futilidades Que a vós inventastes filmes ruins e danados E viveis neles, como atores canastrões Passai ao largo, faço culto à realidade De vossos roteiros chinfrins e infaustos Não presto para personagem não!

Tempo, amigo!


Quando jovens Temos o Tempo como o nosso melhor amigo Quando maduros Descobrimos como é falso este Tempo, amigo!

Sonho e estupidez


Há sonhos e sonhos e creia-me Mente quem diz que todos são possíveis Por isso, persistir neles, sem saber a hora de desistir Transforma o sonhador num estúpido E os mercadores da autoajuda em sujeitos ricos.

Homem livre


O homem livre pensa, O escravo obedece sem pensar. Abrir mão do livre pensamento É oferecer o dorso nu para o açoite Dos feitores da escravidão

O semeador


Pelo caminho semeio flores em terra árida e cheia de pedras Se pelo menos uma semente brotar, crescer e florescer Já terei algo de bom na paisagem para enfeitar teus olhos.

Esperança matinal


A madrugada me despede, O dia ainda nem nasceu E a Esperança matinal já ocupa Seu lugar na fila do hospital. Ela, atrás de mim, me consola: "Teu amado filho ficará bem, Pensa e ora por aqueles que nada têm Nem meu conforto, em grave hora".

Dor não se divide


Não me peças para dividir contigo A minha dor, esta dor é só minha. Pede-me a alegria que não tenho Que a emprestarei dos versos meus E a ti a darei para os teus dias.

És poeta!


Se tu já rimaste Amor com dor E não achaste rima bonita Para a saudade És poeta e não sabes!

Não é gente


A mentira mata lentamente A pessoa que sempre mente Um dia ela acorda e não mais se vê É coisa inventada, não é gente!

Bailado de luz


Escutava Tchaikovsky de minha janela Havia um Sol inesperado no meu céu Na manhã de branduras e espreguiçamentos E lembrei-me de ti, alegre nos meus olhos tristes Como a borboleta que me surgiu em encantamento Num bailado de luz e vida. Vida, muita vida...

Morre-se de tristeza


O amor nunca saiu de moda, Embora muitos digam que sim. Sim, morre-se de tristeza Quando se perde o amado, Incondicionalmente amado.

Na moda


Dizem que o vulgar é moda Pode ser que seja neste nosso triste tempo Mas, pense, a inteligência é perene E nunca saiu de moda. É moda sempre.

Beleza e arte


O que fica para uso e admiração das gerações É o belo, a beleza do espírito humano É a arte, expressão da eternidade de nossas almas A arte fora do espírito não é arte e não sobrevive.

Almas passeiam


Não, não é somente sonho, acredite O sono liberta nossas almas E elas vagam, creia, por imensidões Elas nos trazem impressões doutras dimensões As quais não podemos alcançar de olhos abertos Visitamos mundos outros, oníricos por certo Por isso, os de almas pesadas têm medo de dormir Frequentam mundos feios, pesadelos, infernos E lá encontram penadas almas como as deles E a essas dimensões negam por terror de si e medo Os de almas leves por mundos belos passeiam Acordam encantados, com a poesia divina Com a música indescritível que dos céus ouviu Cantadas por outras almas banhadas no mel.

A medíocre


Moça, do que adianta se sentir especial E viver com os medíocres? Quem convive com medíocres, medíocre é!!!

Alma calma


Ama a vida E terás A alma Calma.

Sem luz


É noite em Curitiba Chuva e trevas Enchentes como sempre.

Branca


Branca em brancos lençóis tu dormes Acordado, junto anil em branco papel E descrevo o vermelho de teus lábios.

Ballet para meus olhos

Cisne branco, cisne branco Por que danças contente Neste arruinado lago arranjado Sobre as tábuas do seco palco? Cisne branco, cisne branco Não viste o encarnado das cortinas Tingidas pelo meu sangue basto? Dança, não deixes que se fechem! Cisne branco, cisne branco Dança, é teu bailado que me faz vivo Mesmo se já não escuto a orquestra Cisne branco, cisne branco Se eu partir hoje, dança sempre, não pares Feliz me fizeste, felizes a outros faze!