segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Poesia descalça

A Poesia caminha descalça
Pela minha casa
Espera fazendo caras e bocas
Pela boa vontade deste poeta
Às vezes, na noite, tristinha
Olha-me em desejo
Despe-se e se insinua
Com palavras nuas
E a boca me beija
E nossas mãos se entrelaçam
E nos lençóis das folhas brancas
Ela se solta e se entrega inteira
E depois, fingindo-se satisfeita
Dos meus lábios, dos meus rabiscos
Ela escuta a si mesma, e se lê
Já toda vestida com os vivos tecidos
Da manhã que se anuncia, viva.

Nenhum comentário: