Deus não quis que o homem voasse,
Por isso, criou os poetas, anjos e demônios,
Que são seres parecidos com os homens;
Nem no mais nem no menos,
Só nas asas não são iguais.
E nesta parecença apenas,
Para espanto dos bichos alados,
Num porém da vida,
Nesses poréns que a vida descuida,
Em noite de encantamentos, talvez,
Em noite de poesia cheia,
Os poetas, que por assim não saberiam voar,
Negam-se em humanidade e
Avoam, e avoam, e avoam...
Avoam para invejança doutras criaturas
Que tentam cantar a manhã
Numa mesma melodia que se arrepete em eternidades.
Não há poetas entre os anjos e demônios,
Por isso eles desconhecem os versos do dia que se faz.
O voo deles é apenas parte da melodia da coisa repetida.
Para desesperança dos tinhosos e imaculados
Que gostam da ordem e coisa não mexida,
O senhor criou o poeta,
Para voar, para escrever Sua poesia,
A mistura de tudo o que foi criado.
Lá do alto, completo,
O verso escapa da boca do poeta e diz
Do tempo que há de vir
Do tempo que perdeu a asa,
Do agora, deste poema sem hora.
Avoa poeta
E canta inteira a poesia de Deus.
Avoa poeta,
Sua vida é avoar
Para a invejança das criaturas
Cante o poema que se escondeu
Na mais alta nuvem
No céu, nas alturas
E que nem Arcanjos e anjos caídos
Podem alcançar.
Copyright © 2005 by Fernando Nandé, poesia, literatura, Curitiba-PR Brazil.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Negativa III
Não.
Não pode ser o vácuo
O lugar das inexistências
Pois tudo que existe
E que virá a existir
Precisa de espaço.
Não.
Os astros que enchem nosso céu de luz
Que nos fazem em poemas
Que nos velam o sono
Que nos têm em sonho
Não são vaga-lumes condenados à morte.
Não.
A vida não pode ser explicada apenas
Pelo início e pelo fim
Pois há o meio
E é no meio que se vive.
Não pode ser o vácuo
O lugar das inexistências
Pois tudo que existe
E que virá a existir
Precisa de espaço.
Não.
Os astros que enchem nosso céu de luz
Que nos fazem em poemas
Que nos velam o sono
Que nos têm em sonho
Não são vaga-lumes condenados à morte.
Não.
A vida não pode ser explicada apenas
Pelo início e pelo fim
Pois há o meio
E é no meio que se vive.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Miudezas
Juntem esses poucos retalhos,
Juntem esses pequenos ciscos,
Juntem os pensamentos apequenados,
Juntem as migalhas da mesa,
Juntem o que nos sobra direito ou torto,
Juntem essas pequeninas coisas
Porque é de miudezas que se enche o mundo.
Juntem os últimos suspiros dos moribundos
Juntem tudo que vaga entre os vagabundos
Porque é a partir do miúdo que se explica o todo.
Juntem o ar da manhã com o vento noturno
Juntem os signos às luas de Saturno
Juntem o perdão à pena do condenado
Juntem o remédio aos irremediados
Porque é da miudagem que se tem o inteiro.
Juntem tudo que não presta
Juntem tudo que tem serventia
Juntem tudo e bem juntado
Porque é da miuçalha que o Universo se veste.
Juntem esses pequenos ciscos,
Juntem os pensamentos apequenados,
Juntem as migalhas da mesa,
Juntem o que nos sobra direito ou torto,
Juntem essas pequeninas coisas
Porque é de miudezas que se enche o mundo.
Juntem os últimos suspiros dos moribundos
Juntem tudo que vaga entre os vagabundos
Porque é a partir do miúdo que se explica o todo.
Juntem o ar da manhã com o vento noturno
Juntem os signos às luas de Saturno
Juntem o perdão à pena do condenado
Juntem o remédio aos irremediados
Porque é da miudagem que se tem o inteiro.
Juntem tudo que não presta
Juntem tudo que tem serventia
Juntem tudo e bem juntado
Porque é da miuçalha que o Universo se veste.
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Canora
Ouça,
A verde ave canora canta...
É um canto único, novo.
Em suave sonoridade
Canta
A velha esperança renascida na aurora.
Ouça,
Não há dor neste canto,
A esperança não comporta dores de outrora.
Ouça,
No último agudo
Há o riso de uma criança
Gerada na dor - esta velha senhora.
Ouça,
Ouça a esperança canora
Que nada espera
E se faz num canto único
A cantar o agora.
A verde ave canora canta...
É um canto único, novo.
Em suave sonoridade
Canta
A velha esperança renascida na aurora.
Ouça,
Não há dor neste canto,
A esperança não comporta dores de outrora.
Ouça,
No último agudo
Há o riso de uma criança
Gerada na dor - esta velha senhora.
Ouça,
Ouça a esperança canora
Que nada espera
E se faz num canto único
A cantar o agora.
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