terça-feira, 29 de junho de 2010

Das razões do riso


Calados, sós então sem companhia,

íamos, um adiante, o outro em seguida,
como frades menores, pela via.
Dante Alighieri

Não sei, amigo, quanto te custou este teu riso fácil,
Este sonoro gargalhar de tua grave e própria miséria.
Digo-te: não há graça e grandeza no que nos espera!

O mundo já nasceu com vontades de desaparecer
E nos reservou apenas essas pequenas paisagens
Sempre exibidas com variações de luzes em disfarce.

Rir, amigo, é fugir do choro desejado constante
Pelos fados revelados nos anéis dos orbes celestes
E por este vago Universo que se expande e fenece.

Nascemos, amigo, já vítimas dos minutos que nos arruinam,
Com curtos braços para longas e contínuas despedidas
E olhos úmidos para serem secados pelo sal da terra.

Rir, amigo, é o nosso jeito de fugir do terror e do medo
Ao nos sentirmos abandonados no oceano do incerto,
Na titânica ignorância da existência e de nós mesmos.

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