sábado, 10 de julho de 2010

O monge na cela

Logo agora, que me dedicava à vida monástica
E como um monge perambulava pelos jardins
Recitando elegias de malditos e ateus poetas.

Logo agora, em que resolvera renovar os votos
De amor à antiga companheira, à solidão plena,
E desacreditar na verdade dos amores das fêmeas.

Logo agora, tu me apareces a confundir-me as preces
Balbuciadas em lábios trêmulos em que pende o cigarro
A fumar, após o pigarro, meus pensamentos indecentes.

Logo agora, vens iluminada apenas pelo branco da pele,
Nua, sem nada, ornada somente com o doirado dos cabelos...
Nua, na noite, abandonada na cama de lençóis incandescentes.

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