quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Confissões de um andarilho I - O Café

Tenho muito frio quando durmo
Mesmo no Verão
E cubro-me com mil cobertores

É que no dia mais frio de 1975
Nevara em Curitiba
Enquanto o resto do Paraná morria
Com a geada negra

Dormira naquela noite ao relento
Ao lado de uma estrada
Dentro de um saco de herbicida
Sob um pé de café

Na manhã seguinte
Acordei não me acreditando vivo
Com o corpo de criança enrijecido
Gritando fome e desejando um café

Sim, sim, um café quentinho, um café
Como me fez falta um pouquinho de café
Depois da noite em que a morte tocou meus ossos.


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