segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Confissões de um andarilho II - Evocação de Santa Bárbara

Sim, todas as minhas memórias
São molhadas de chuva
Sim, falo contigo hoje, neste lugar
Porque uma distante chuva
Dessas que marcam a infância
Aqui me trouxe em carne e osso
Era uma chuva anunciada no horizonte
Medonha. Daquelas de pedir aos céus
A proteção de Santa Bárbara
Andarilho aos 12 anos de idade
Com medo, abandonei a estrada
Entrei numa cidade e por lá fiquei
E de lá dei com os burros na capital
Mas nesse meio há outras histórias
Que canto nos meus cordéis
A importância disso?
É que a chuva nos empurra igual
Pedaço de pau, galho seco
Na enxurrada, pelos rios
De enrosco em enrosco.
Aqui estou enroscado há algum tempo
Enfeitiçado pelos olhos de uma cobra d'água
Pelos carinhos de uma bela dona
Só espero que a chuva que cai não me empurre mais
É que já me acostumei com o barranco
Com as árvores que plantei e fiz crescer
Se as águas insistirem na violência
Pedirei novamente à Santa Bárbara
O alívio da tempestade que não pára
Nos beijos da minha boa amada
Amuletos para espantar essa aguarada.

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