“É aquela porta ali.”
(Sempre há uma porta ali;
O que me agrada
Não é a porta em si,
Mas o que ela guarda).
O menino volta a informar:
“Fale com a moça de vestido vermelho”:
Então, a porta esconde uma mulher,
Moça talvez. Bonita talvez.
A certeza é vermelha.
Giro a maçaneta
Manso no meu pensar e
Empurro a porta
Mansa e
Nascida para dividir mundos.
“Sim, o que deseja”,
Diz-me uma mulher de azul.
Atordoado no meu pensar,
Nada desejo desejar.
Então, a certeza tornou-se azul.
Contrariado, giro a maçaneta e
Encosto a porta
Tal velho coveiro
ao fechar um caixão
Vazio de esperança.
Moça, bonita e de azul:
Puro desencanto
De um mundo que imaginei
Menos defunto e vermelho.
(24/11/2006)
Nenhum comentário:
Postar um comentário