quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Giro de maçaneta

“É aquela porta ali.”
(Sempre há uma porta ali;
O que me agrada
Não é a porta em si,
Mas o que ela guarda).

O menino volta a informar:
“Fale com a moça de vestido vermelho”:
Então, a porta esconde uma mulher,
Moça talvez. Bonita talvez.
A certeza é vermelha.

Giro a maçaneta
Manso no meu pensar e
Empurro a porta
Mansa e
Nascida para dividir mundos.

“Sim, o que deseja”,
Diz-me uma mulher de azul.
Atordoado no meu pensar,
Nada desejo desejar.

Então, a certeza tornou-se azul.
Contrariado, giro a maçaneta e
Encosto a porta
Tal velho coveiro
ao fechar um caixão
Vazio de esperança.

Moça, bonita e de azul:
Puro desencanto
De um mundo que imaginei
Menos defunto e vermelho.

(24/11/2006)

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