Ontem fugiu-me mais um poema.
Poemas têm este costume: fogem.
São amantes de uma noite só.
Aparecem, insinuam-se e somem.
Noutros dias, voltam,
Mas fingem não notar seus poetas
Com medo que lhes reconheçamos os defeitos.
Bobos, ignoram que somos fracos em sabê-los
E que os defeitos estão nos olhos de quem olha!
Mas um dia eles hão de voltar...
Como volta para casa a amante querida
Que de tão querida não se acreditava assim.
Hão de voltar...
Como o mar torna à praia,
Como a luz torna ao dia,
Como o sonho torna ao sono.
Estarei pronto, por certo,
Para, no peito, fundo, recebê-los,
Pois sou feito dos beijos destas amantes
Que me abandonaram na noite.
Sou feito de poemas sem tê-los.
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