O sujeito é um empilhador de palavras.
Qualquer novo som ouvido
Torna-se um rugido
Desenhado em letra de domingo
Em mais um inútil livro
Financiado pela Lei de Incentivo
À Cultura dos incultos imbecis;
Lei infalível que os políticos criaram
Para garantir a ausência de críticas
Da "intelectualidade" e acadêmicos
Aos podres poderes constituídos.
Em troca, pelo silêncio consentido,
Deram aos verdugos da nobre arte
A possibilidade deles viverem
Em eterna vagabundagem
Custeada pelos impostos
Surripiados aos iletrados,
Povo anêmico e faminto.
Na realidade, o "escritor" de quem falo
Sempre se fez um gozador,
Porque diante da pilha de letras,
Arranjadas sem guardar sentido,
Anuncia aos quatro ventos:
- Escrevi mais um neopoemanovo;
Poesia neomerdística
Feita nas coxas e parasita!
E os trânsfugas da inteligência,
Meus colegas de imprensa,
Os maus neocríticos literários,
Da neo-arte e outras neosandices,
Saúdam o amontoado silábico
Como quem saúda e aplaude
O neopalhaço no circo:
- É um novo Bilac!
- É um novo Camões!
Por não terem estudado a gramática,
Avessos aos dicionários
E às sutilezas da inculta e bela língua,
Todos eles ignoram
Que ali está um cara,
Ignorante de pai e mãe,
Um asno parido,
A ganhar fácil dinheiro,
A brincar com as palavras
Como se elas fossem
O que vai dentro de bonito penico:
Sílabas do cagatório das verbas públicas
Que em farta urina navegam, fedem e flutuam!
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