Estamos todos miseravelmente condenados a viver sob o mesmo céu.
O Sol que dá vida à unicélula nos dá também os dias, as horas, os desalentos.
A Lua a nos inspirar o amor é a mesma a revirar o mar revolto nas tempestades.
O vento que nos refresca é o mesmo que as ondas encrespa e nos fere de morte.
Há muito risco em viver e sonhar como conteúdo desta campânula azulada,
Neste aquário airado que se serve dos elementos para quebrar monotonias,
Nesta angústia de querer se adiantar ao imprevisto já predestinado pelos deuses
Que a tudo parecem governar em inúteis e descuidados gestos, em preguiça divina.
Talvez, o céu nos caia por sobre as cabeças como adivinhavam bárbaras profecias.
Estaríamos assim libertos do cativeiro, do túmulo moldado em ancestrais eras.
Flutuaríamos, por certo, na liberdade dos espaços a comunicar nossos desesperos.
Talvez, o céu nunca saia de seu lugar e deixe de cumprir seu estático destino,
Pela eternidade há de sustentar as estrelas para nosso boquiaberto e tolo êxtase.
Assim, eterno, o céu nos lembra que somos apenas o infeliz arranjo de brevidades.
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