terça-feira, 2 de outubro de 2012

O doce do meu amor

Hoje tenho fome

E vou fazer uma sopa de versos
E sorvê-la, quente, pelando
Como um frade
Depois do jejum da quaresma

Meu coração padece vazio
E pede versos em nova dieta
Temperados com Camões
João Cabral, Drummond e Baudelaire

Depois do bicho cheio e satisfeito
Vou inventar receita diversa
Vou cantar o voo do vaga-lume
Seu pisca-pisca na bunda
A saliva da mulher amada
Que na minha língua abunda

Vou misturar a tudo isso
Um pouco mais de safadeza
E tirar do que está escondido
Entre as pernas de quem amo
O doce da sobremesa.

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