Houve um momento nos meus dias cinzentos
Que ao despertar do sono, ao abrir os olhos
Em mim nada mais cabia além de tua imagem
Foi um amor de se viver abestalhado e anêmico
Não me cansava de ti, de tuas manhas
Ficava sem comer, ficava triste sem te ver
Amei-te exageradamente, desesperadamente
Hoje olho a tua fotografia e tento achar razões
Para tantos desatinos do coração adolescente
E estranhamente não sinto saudade de ti
Tenho saudade apenas de estar apaixonado
E por isso guardo com carinho a tua imagem
É ela que me lembra que o amor é inexplicável.
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Ilustração: Paquera na janela, José Lutzenberger
2 comentários:
Sem truques
Defesa e caminho
Minha única herança
Procuro
Encontro medo
Próximo ao pânico
O frágil
Emoções
Superam os limites
Tê-lo
Experimento
Amor?
Não sei o que é
Só posso senti-lo
Impulso forte
Recuo
Vontade inebriante de estar
Próxima de ti
Saber
E depois?
Explosão de alegria
Euforia envolvente
Quero mais
Isso é amor?
Perco
Imensa vontade de cuidar
Dividir descobertas
Cúmplices
Não quero trivialidade
Caso o façamos
Que estejamos juntos
E apenas os dois
Dentro da lógica
Segrego o que me incomoda
Aquilo que convencionam de “amor”
Acredite, não quero
Do amor quero estar próxima
Vivê-lo intensamente
Não quero aparência
Precisar?
Ser forçada?
Desculpe
Incomodo?
Essa é a função
Caso contrário
Como o novo aconteceria?
Tantas outras coisas boas
Solucionadas com a razão
Mas sem deixar de lado a emoção
Posto que o óbvio não é opção
E nada possui uma lógica exata
Um quarteirão
Uma tarde de cesta
O cheiro da chuva na janela
Caindo sob o telhado quente
Nada de cama de campagna
Quero proximidade
Feriados e fins de semana
Música e alegria
Cantando e amando
Em cada rua, monumento ou prédio
Museus, praças ou generais
Vivendo até mesmo as guerras
Num passeio maravilhoso
Pela cidade morena
A cidade das mangueiras
Um quarteirão
Uma tarde de cesta
O cheiro da chuva na janela
Caindo sob o telhado quente
Ela o ouviria
E colocaria em prática
Com paz e calma digna
Apenas de quem
Questionaria para sempre
Sim meu amor
Não consigo imaginar
O quanto serão lentos estes dias
Sem teu encontro
Como será longa a semana
E como o tempo foge de nosso controle
Com o horizonte vago
E os olhos perdidos
Ficarei contando as horas
Com as mãos vazias, sem as tuas
Teu hálito doce
Lembro com prazer
Nada terá cores, nada terá graça
Arrastar-me-ei por entre os dias
O destino pregou-nos mais uma peça
Meu coração, derramado de amor por ti
Chora uma velha cantiga
Embalada de melancolia
Não contenho minhas lágrimas de saudade
Apenas rezo para termos forças
E enfrentar a semana
Conto as horas para te ver
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