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quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Noite de São João
Quisera ver-te
Nesta noite em que a Lua fica maior do que a Terra e mesmo assim faz parada em teus pequenos olhos noturnos e de estrelas eternamente enfeitados
Quisera ver-te
Nesta noite em que o orvalho desfolha minha alma e que depois, no seco jardim, em gota, torna-se desolada lágrima na solitária roseira que nunca gerou sequer miserável rosa
Quisera ver-te
Nesta noite de São João, coberta com o brilho das fagulhas da fogueira que ardem no meu espírito e ao meu desatino servem
Quisera ver-te
Nesta noite em que meu destino chora em oração e suplica perdão por saber-se perdido e a ti, em vão, fadado em desejo e pecado
Quisera ver-te
Nesta noite em que meu coração pulsa em angústia por sabê-la docemente impossível e por isso já vestida de toda saudade que se enfeita com os longos laços da despedida
Quisera ver-te
Nesta noite, santíssima e sem pudor, sobre o cansado andor e carregada por toda essa devota gente, a cantar as cantigas profanas que por ti, em andanças, eu hei cantado.
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