Encontrei-te ontem
Na esquina da Lua
Que termina na rua
Caminho do Sol.
Estavas vestida de brilho
E cantavas entristecida
Para as nove musas
Que te escutavam no jardim.
Perguntei ao fauno que passava
Quem tu eras, por que brilhavas
Mais do que as estrelas
Contidas nas galáxias?
─ É a décima musa,
Que foi castigada pelo Tempo
Por ter em si tanta beleza ─,
Sussurrou-me o fauno.
─ Mas para que tanta maldade?
─ Ciúme, meu amigo, inveja!
─ Que mesquinhos são os deuses!
─Sim, e o castigo ainda é maior...
─ Maior!?
─ Hoje, quando o Sol brilhar,
A décima musa deve envelhecer
Até ser morta para sempre.
─ Mas, por que ela canta?
─ És tolo, amigo,
A juventude é o alimento do Tempo e de todos os deuses.
Morremos aos poucos numa comédia improvisada
E ao morrer fingimos inexplicável contentamento
Em doidos cantos, em doidas gargalhadas.
─ Tens razão, a tarefa do Tempo é desfigurar o belo.
Enrugar as horas e enfeiar os próximos minutos...
─ O Tempo é deus menino
E aparentemente sem apetite
Brinca com a comida!
Eis a verdade: no banquete da vida:
A nossa juventude é para os deuses
Iguaria, o mais divino dos divinos pratos!
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