quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tarô e outros fados


Tristes são certas conclusões neste tempo
Ao qual damos o nome de existência.
Uma delas diz que 99,99 porcento dos viventes
Atracaram no porto do mundo
Sem a assistência de um cometa
Somente os reis, os papas
(E ao que parece também os cantores sertanejos!)
É que gozam desse privilégio celeste

Outra dedução não menos grave
Diz que quando a cigana põe o tarô
São 77 cartas de vaticínios prováveis
E apenas uma de predição certeira

É... O viver é coisa incerta e medonha
Aos opulentos, aos remediados
Ou até mesmo aos condenados
Que gastam a vida no chão de fábrica
E não ligam para as coisas do pensamento

No baralho, ao se brincar com a sorte
Haverá sempre a ameaça sobre os amores
Reis e rainhas distantes
E uma inevitável forca
Para lembrar-nos das desgraças próximas.

Haverá também a carta última
Terrível
A dizer-nos do destino comum
Óbvio
E tão certo aos homens
Como é a dúvida para o filósofo.

Um comentário:

Ana Coeli Ribeiro disse...

O tarô espera a pergunta certa e nos sabemos a resposta, a última carta revelada no jogo da vida.
"E tão certo aos homens como da dúvida para o filósofo
Forte e melancólico!
Luz
ana