Noite, escuro das escuridões,
Barulho lá fora
Pensei ser um cão
Vi isso ao longe naqueles olhos
De antigos brilhos apagados
Que me suplicavam piedade
Pensei ser um cão
Que revirava o lixo
Que comia lixo
E se lambuzava com restos azedos
Pensei ser um cão
Que cheirava e sentia o gosto
Dos pedaços de carnes podres
E roía até os ossos
Daquelas sobras imundas
Cheguei ao portão iluminado
Ele notou-me e se afastou do lixo
Pensei ser ele um cão
Aquele ser roto, torto, quase morto
Que se deitou na calçada fria
A me desejar boa-noite
Pedindo-me desculpas
Por ter se parecido com um cão
Ao me revirar o lixo da rua
Seu prato e refeição de carniça.
Barulho lá fora
Pensei ser um cão
Vi isso ao longe naqueles olhos
De antigos brilhos apagados
Que me suplicavam piedade
Pensei ser um cão
Que revirava o lixo
Que comia lixo
E se lambuzava com restos azedos
Pensei ser um cão
Que cheirava e sentia o gosto
Dos pedaços de carnes podres
E roía até os ossos
Daquelas sobras imundas
Cheguei ao portão iluminado
Ele notou-me e se afastou do lixo
Pensei ser ele um cão
Aquele ser roto, torto, quase morto
Que se deitou na calçada fria
A me desejar boa-noite
Pedindo-me desculpas
Por ter se parecido com um cão
Ao me revirar o lixo da rua
Seu prato e refeição de carniça.
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