Mandei-te tantas flores,
Tantas rosas vermelhas
E nenhuma resposta
(Depois descobri que o florista errou o endereço!)
Nas vezes em que conversamos
Quantos segredos não revelados
Quantos enganos em nós escondidos
Num ramalhete, num bilhete
Em rosas puramente vermelhas
Que te mandei junto com o meu coração atleticano
(Como poderia adivinhar-te muda e coxa-branca?)
Dediquei a ti tantos poemas
Poemas em pétalas de rosa
Rosas vermelhas, vermelhas rosas
E nenhuma resposta.
(Como poderia saber-te daltônica e especialista em prosa?)
Definitivamente desisti
Com os olhos vermelhos,
Vermelhos olhos,
De tantas lágrimas
Dedicadas a ti,
Fiz a felicidade da oftalmologista.
* * *Para quem não conhece Curitiba: aqui, algumas ruas chegam a ter mais cinco nomes, fora os nomes polacos impronunciáveis e os nomes semelhantes, do tipo Marechal Floriano e Marechal Deodoro. A numeração das casas é uma desgraça. É mole, mole se perder na cidade.
Atléticano(a) é o torcedor do Clube Atlético Paranaense.
Coxa-branca é o torcedor do Coritiba F. C., principal adversário do Atlético.
Os homens de Curitiba, embora com a fama de sisudos e calados, têm o salutar hábito de mandar flores para suas mulheres e namoradas.
Um comentário:
Só hoje li o teu comentário no Desnorte e fiquei sem saber o que dizer... eu, que venho aqui desde que entraste no Palavras só para ler e reler e deixar-me escorregar pelas palavras que soltas - e umas vezes sorrio, outras rio e outras flutuo - sinto-me extraordinariamente comovida com o que disseste. E assustada. E grata, muito.
Um beijo do tamanho do mar que nos separa...
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