terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

D. Sebastião na claridade de Figueira da Foz

Diviso tão distante Atlântico
E vejo-me em Figueira da Foz,
Luminosa cidade a lamber o oceano.

Sou aqui deste lado,
Deste ocidental mar do desterro;
Mas estou em Figueira oriental,
A juntar minhas lágrimas ao Mondego,
Marinheiro que me faço
Em caravela tropical de puro desespero.

Há em mim a certeza,
No meu peito a esperança,
De que na Praia da Claridade
Dom Sebastião tenha morada;
Vive lá adormecido,
Pois posso ver agora
Sua modesta casa,
Acima de mortais nevoeiros,
Doirada pela luz do Sol
Ou por argentinas noites estreladas.

Ao voltar de dura Cruzada
Acolheu-se ali o soberano.
Quisera El Rey não retornar à corte
Pois, como desejar apenas o brilho dos homens
Se existe tal lusitana praia
Cheia de encantamentos divinos?

Avistara ali, por certo, o rei combatente,
O Desejado dos súditos seus,
Nas areias resplandescentes
O brilho do pó das saudades
Na luzente luz da eternidade
A misturar-se com a criação de Deus.

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