quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Matinais I

Já me condicionei e,
Inevitavelmente,
Acordo as cinco horas da manhã.
É lógico que não há sol,
Mas a contragosto
Todo santo dia, às cinco,
Estou abrindo as janelas.
Dou adeus às estrelas últimas
E respiro o ar matinal.
Gosto disso, esses elementos
Acordam-me antiga e certa certeza:
O viver é de uma repetição
Para lá de medonha.
Ao longe, muito longe,
Escuto insistente galo urbano.
O miserável canta na manhã a se tecer.
E no topo das árvores
os pássaros planejam
A revoada. Que confusão danada
Para decidir o que sempre fizeram:
Voar na incerteza do dia.

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