quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Os olhos da alegria

É, meu amigo, no frigir dos ovos
Quem acaba por se danar é o frango futuro;
Aquele que nunca será!
Portanto, enfeite sua alegria momentânea
Com os brincos da mais linda mulher,
Com os olhos fumegantes de uma fêmea no cio.
A alegria vem e passa,
Torne-a pois, amigo - há de ser assim - bela.
Mas não lhe dê apenas a beleza vulgar,
Que por si só há de ser desencanto.
Dê a ela as suaves notas de um canto
Composto para o sono dos anjos.
Recompense-a,
Porque esta alegria será lembrada
Por você, caríssimo amigo,
Apenas como a raridade
Que nasceu neste cipoal de tristeza
A nos cercar neste caminho tão breve
Que termina ao nos despedirmos da vida
De supetão, quase sempre sem nos dar tempo
Para um mísero adeus, ou um aceninho que seja.

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