O azul melancólico do céu
Avisa-me do Inverno
E diz-me que tímidos raios de sol
Prometem aquecer a manhã.
As beatas passam por mim
De negro, com melancólicos véus,
Com seus livrinhos de oração:
Pedirão mais uma vez perdão...
Mais uma vez celeste misericórdia
Por um trem inteiro, uma vida inteira
Do mais puro e declarado pecado.
Por isso vão corcundas, por isso vão curvadas.
Que inverno eterno é este
No enlutado peito das beatas?
Por que o sol de infinitas absolvições,
De diários e sucessivos perdões,
Jamais o aquece?
O passarinho, bonita criatura,
Voa e atravessa a fria manhã;
A tudo ignora: as beatas,
O perdão, o certo o errado...
Pássaro incerto na manhã certa
Faz o que é e para que foi feito
E nas suas asas faz da vida o que ela é,
Penitência em manhã gelada.
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