quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Minha luz procura teus olhos

Sou Diógenes desesperado revirando barris
Num imundo porto qualquer
E nas minhas mãos carrego velha lanterna
Para fazer-te luz nos olhos
Para ver o teu rosto infeliz

Não procuro verdades, há engano nisso
Poetas não querem verdades
Somente os cínicos desejam essas excrescências

Eu, poeta, quero apenas o sonho que em ti habita
Aquele sonho que tu esqueceste
E chama-se hoje irrealizável

Veterano sonho
Posto numa prateleira antiga com a inscrição
"Coisas que me fariam feliz e não dei importância"
Sim, sou tua consciência que chora o não feito

Sim, sou o anjo-demônio que te faz dormir
A lembrar daquilo que tu eras
E hoje não é mais. Nem em luz ou sombra.


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Ilustração: Diogenes sentado en su tinaja. Jean-Léon Gérôme (1860).

Um comentário:

Ana Coeli Ribeiro disse...

Um anjo-demônio,uma eterna luta para não esquecer
Luz
Ana