Mandou-me um e-mail
Doido, patético, desaforado:
"Poeta do que é feio,
Pobre morfético, descomungado!",
Pois sua beleza estética
Nunca eu havia louvado.
Como não falar ou mencioná-la
Em versos, poemas e épicos?
Uma deusa na terra, um anjo encarnado!
Mando em resposta
Este e-mail perverso, porque fui provocado:
Você é engano para quem quer ser enganado;
É que sua imagem poética
Falsa e triste ficaria
A destacar uma linda cabecinha
Feita de vácuo perpétuo, dura e vazia.
Os poetas não mentem
Diante do esdrúxulo:
Bonita por fora
E por dentro pão bolorento!
Você é o invólucro do nada,
Embalagem do vento.
Como falar da rosa que nasce na bosta
Sem considerar a sabedoria da roseira,
As virtudes do solo e do adubamento?