quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A mulher que limpava o mundo

Rosália sempre sorria
Miseravelmente pobre
Escancarava a gengiva
Porque não tinha dentes
E Rosália gargalhava
Juntava restos na feira
Bugigangas nas ruas
E feliz sumia ao anoitecer

Um dia Rosália desapareceu
Sem recado e de verdade
De repente, na rua vazia
Na feira cheia de entulhos
A miséria ficou feia
Todos então notaram
Que Rosália fazia falta
A mulher que sorria
Enquanto fazia faxina
E limpava o mundo.
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Ilustração: Estudo da Mendiga - Almeida Júnior (1899)

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