Teu negro cabelo luzia de belo que era...
Quando menino, admirava tuas tranças
E imaginava nelas um novo brinquedo
Mas tão delicado, mas tão diferente
Que, em agonia, me sentia em pecado
Que brinquedos eram aquelas tranças
Vindas de um universo de coração e alma
E que me contavam de um tempo mágico
De um mundo de fábulas chamado amor?
Ali tornei-me adulto, no belo que em ti luzia.
Copyright © 2005 by Fernando Nandé, poesia, literatura, Curitiba-PR Brazil.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Esmola pública
Como explicar para certos catecúmenos que revolução socialista passa por um rompimento total com o capitalismo e que as elites, banqueiros e industrias, não ficam hiper-milionárias durante esse processo? Como explicar que esmola do governo não é desenvolvimento social, é apenas isso, esmola?
segunda-feira, 27 de maio de 2013
O homem anda fodido há muito tempo
Os palavrões têm vida eterna em quase todas as línguas. Na Eneida de Virgílio, encontramos lá o verbo foedo (foedare), que significa sujar, manchar, desonrar. Existe também o adjetivo foedus (repugnante, vergonhoso, indigno). O advérbio foede é atributo de quem age de modo horroso, ou odiosamente. Mas das palavras latinas, a que mais se aproxima do sentido atual de "foder" é fodio (fodere), verbo que significa furar e vazar. Fodere está nos discursos de Cícero, portanto, quando você usar esta palavra saiba que, antes de tudo, ela faz parte do seleto grupo das palavras eruditas, igual a palavra merda. Agora, se você anda "fudido", só posso lamentar, porque a raiz da palavra diz que, na realidade, você está fodido.
Expressões
A primeira expressão da liberdade do homem é pensar; a primeira expressão dos governos autoritários é não deixar o homem pensar.
domingo, 26 de maio de 2013
Essa Myrtis!
Às vezes tenho saudades de quem nem conheci
Tenho saudades da Myrtis! Você conhece a Myrtis?
-- Ora, pois saiba que Myrtis viveu em Pompéia
E só sabemos dela porque seus fãs picharam
Nos muros da cidade: "Myrtis bene felas",
Ou seja, fazia bem aquilo: boca mágica, fera na cama!
Pena que o Vesúvio acabou com a farra da rapaziada,
Porque pelo número de pichações, a moça era bem popular!
Ideias vadias
Os poetas gostam de ideias vadias
Dessas que vagam pelas esquinas
Que se insinuam, que são marotas
Ideias de sacristia não servem à poesia
Dessas comportadas, de fino respeito
A gente enjoa logo, ideias que amofinam
Ideia boa anda a vadiar nua pela rua, solta
É de quem chegar primeiro, vadia mesmo
Tão vagabunda que causa escândalo
E grita em devassa dentro de um poema.
Dessas que vagam pelas esquinas
Que se insinuam, que são marotas
Ideias de sacristia não servem à poesia
Dessas comportadas, de fino respeito
A gente enjoa logo, ideias que amofinam
Ideia boa anda a vadiar nua pela rua, solta
É de quem chegar primeiro, vadia mesmo
Tão vagabunda que causa escândalo
E grita em devassa dentro de um poema.
A geração conformada
Triste ao ver uma juventude aplaudindo as mentiras que minha geração inventou para governá-la. Jovem só é jovem se for rebelde, se tiver em si uma outra proposta de mundo. Ser jovem conformado vai contra a natureza humana: é nascer velho.
Soneto para a amiga infeliz
Não, minha amiga, definitivamente não
A felicidade não está na prateleira do mercado
A alegria de viver não se põe à venda
Nada que te fará realmente feliz estará ali
Essas coisas estão na prateleira de teu coração
Não podem ser compradas, devem ser conquistadas
E trocadas pela simplicidade de teus dias
Pela sinceridade de teus gestos, de teu ser
Olha ao teu redor, o nirvana está em poder fazê-lo
Sinta o vento que te toca, esta é carícia que importa
Vê o amigo que te abraça, calor verdadeiro para tua alma
A vida é um lapso temporal que as inutilidades enchem de hiatos
As ilusões se enfeitam de falso ouro, lantejoulas baratas
Dá valor ao que vale, que é a fortuna que sempre esteve em ti.
A felicidade não está na prateleira do mercado
A alegria de viver não se põe à venda
Nada que te fará realmente feliz estará ali
Essas coisas estão na prateleira de teu coração
Não podem ser compradas, devem ser conquistadas
E trocadas pela simplicidade de teus dias
Pela sinceridade de teus gestos, de teu ser
Olha ao teu redor, o nirvana está em poder fazê-lo
Sinta o vento que te toca, esta é carícia que importa
Vê o amigo que te abraça, calor verdadeiro para tua alma
A vida é um lapso temporal que as inutilidades enchem de hiatos
As ilusões se enfeitam de falso ouro, lantejoulas baratas
Dá valor ao que vale, que é a fortuna que sempre esteve em ti.
sábado, 25 de maio de 2013
Aos sábados não matarás
Ficar em casa
Ou pior ainda
Dentro de si
Aos sábados
Quando se tem
Dezoito anos
É um crime
Inominável
É matar a vida
Sem conhecê-la
É o suicídio
Bárbaro e cruel
Da juventude
Que começou
Velha e cansada
Senil e doente.
Ou pior ainda
Dentro de si
Aos sábados
Quando se tem
Dezoito anos
É um crime
Inominável
É matar a vida
Sem conhecê-la
É o suicídio
Bárbaro e cruel
Da juventude
Que começou
Velha e cansada
Senil e doente.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
As sábias estações do Ano
As estações estão em nossas vidas
Para que não morramos de tédio
E o sofrimento e a fortuna
Cumprem o mesmo roteiro
Do contrário, quem aguentaria
Viver em sempiternas monotonias?
Há um tempo de sorrir
Há um tempo de pensar
Há um tempo de chorar
Há um tempo de viver
Há um tempo de morrer
Tudo que os sábios disseram
Há mais de dois mil anos
E seguidamente ignoramos
Até o Ano tira um tempo
Para se mostrar em tristeza
Em interminável Outono
Ausente de cores vivas
E cheio de decadências
Prenúncios do Inverno
Em que nos recolhemos
Para meditar, para pensar
Mas de tanto se repetir
O Ano sabe aguardar
Esperar com paciência
Todas as estações em si
Porque nas sementes
Estão os renasceres guardados
Em flores que hão de vingar
Em Primaveras e Verões
Em alegria, em contentamento.
Para que não morramos de tédio
E o sofrimento e a fortuna
Cumprem o mesmo roteiro
Do contrário, quem aguentaria
Viver em sempiternas monotonias?
Há um tempo de pensar
Há um tempo de chorar
Há um tempo de viver
Há um tempo de morrer
Tudo que os sábios disseram
Há mais de dois mil anos
E seguidamente ignoramos
Até o Ano tira um tempo
Para se mostrar em tristeza
Em interminável Outono
Ausente de cores vivas
E cheio de decadências
Prenúncios do Inverno
Em que nos recolhemos
Para meditar, para pensar
Mas de tanto se repetir
O Ano sabe aguardar
Esperar com paciência
Todas as estações em si
Porque nas sementes
Estão os renasceres guardados
Em flores que hão de vingar
Em Primaveras e Verões
Em alegria, em contentamento.
terça-feira, 21 de maio de 2013
Na boca dos canalhas
Fico muito feliz de ouvir que algum ladrão ou mau caráter fala mal de mim. Vou ficar muito, mas muito preocupado mesmo, caso eles comecem a agir de forma contrária.
Seres anoitecidos
Há em nós luzes muitas
Mas muitos as negam
São seres anoitecidos
Que se fazem noite eterna
São tristes, são escuros
Brilham para si somente
Fazem-se ignorantes
De que o bom desta vida
Não é ter o próprio caminho
Iluminado, claro como o dia
Nesta vida o bom é ser luz
Farol que brilha e se divide
Em raios mil, para todos
Brilhar sozinho, para si
É ser estrela de um universo
Desencantado e deserto
É ser estrela que se queima
E no fim desaparece
Sem que alguém sinta falta da luz
Porque em si não havia luz
Havia sim, ausências a guiar o nada.
Mas muitos as negam
São seres anoitecidos
Que se fazem noite eterna
São tristes, são escuros
Brilham para si somente
Fazem-se ignorantes
De que o bom desta vida
Não é ter o próprio caminho
Iluminado, claro como o dia
Nesta vida o bom é ser luz
Farol que brilha e se divide
Em raios mil, para todos
Brilhar sozinho, para si
É ser estrela de um universo
Desencantado e deserto
É ser estrela que se queima
E no fim desaparece
Sem que alguém sinta falta da luz
Porque em si não havia luz
Havia sim, ausências a guiar o nada.
sábado, 18 de maio de 2013
Notícias das estrelas
Nada fales, nada digas
E pede aos grilos silêncio
Pois quero escutar a brisa
Que me traz notícias
Daquelas estrelas
Que se refletem no mar
Além oceâno
Que se perdem
Além horizonte
Em brilhos magrinhos
Embora tão grandes
Em seus lugares distantes.
E pede aos grilos silêncio
Pois quero escutar a brisa
Que me traz notícias
Daquelas estrelas
Que se refletem no mar
Além oceâno
Que se perdem
Além horizonte
Em brilhos magrinhos
Embora tão grandes
Em seus lugares distantes.
Bunda arrepiada no inferno
Cada dia que passa
É mais um dia
De tristeza e alegria
Alegria por sabê-los
Qualquer dia no inferno
Eita alegria porreta
Ver as bundas deles
É mais um dia
De tristeza e alegria
Tristeza em saber
Que os maus políticos
Ainda usam branco terno
Que os maus políticos
Ainda usam branco terno
Alegria por sabê-los
Qualquer dia no inferno
Eita alegria porreta
Ver as bundas deles
Brancas e arrepiadas
No colo do capeta!
No colo do capeta!
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Nunca tem
Pedir juízo a poeta é o mesmo que pedir dinheiro a miserável.
Humor
As pessoas sem senso de humor nos dão preguiça.
A erudição da merda
Digo e repito: o palavrão conservou a nossa língua. É lógico que essas palavras "sujas" sempre estiveram ocultas para não servirem de maus exemplos às crianças, mais faladas do que escritas. Mas a merda, por exemplo, é uma palavra erudita, veio lá do latim; 700 anos antes de Cristo já era gritada em qualquer topada inconveniente e sobreviveu em nosso idioma escrita como sempre foi: merda. Até Júlio César ao ser apunhalado no Senado deve ter exclamado: "Que merda Brutus, até tu?!!!" (Merdae, Brutus, quoque tu?!!!) . Por isso, diga merda à vontade, pois merda é a mais pura erudição e expressão de cultura. Em latim, merda (ae - 1ª declinação), substantivo feminino, declina-se no nominativo, vocativo, genitivo, dativo, ablativo e acusativo:
Singular Plural
merda merdae
merda merdae
merdae merdarum
merdae merdis
merda merdis
merdam merdas
Singular Plural
merda merdae
merda merdae
merdae merdarum
merdae merdis
merda merdis
merdam merdas
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Vida gerundina
A vida vou levando
E ela me carregando
Sovina em encantos
Às vezes amando
Às vezes chorando
Às vezes sorrindo
Mas sempre lutando
Levo esta vida gerundina,
Severa, severina.
Poesia é a paz d'almas
A poesia oferece ao espírito
Estranha paz, estranho divagar
Por paraísos escondidos
E que estão dentro de nós.
A poesia é a paz do homem.
Toda alma que quer paz, que busca a paz,
Alimenta-se de versos.
Escreve, poeta! Escreve!
Os homens têm fome!
Sem versos, almas padecem
E o que nos resta de humanidade desaparece.
Sem o alento da poesia, almas serão enterradas
Envoltas apenas pela brutalidade, pela mortalha
Das palavras amontoadas em frases de prosa,
Frias como em documentos de cartório,
Cortantes como o fio da faca
De alucinado assassino.
O coração do homem e a alma do homem
Para conterem a paz precisam de palavras macias,
Necessitam de poesia.
Cria, poeta! Cria!
Estranha paz, estranho divagar
Por paraísos escondidos
E que estão dentro de nós.
A poesia é a paz do homem.
Toda alma que quer paz, que busca a paz,
Alimenta-se de versos.
Escreve, poeta! Escreve!
Os homens têm fome!
Sem versos, almas padecem
E o que nos resta de humanidade desaparece.
Sem o alento da poesia, almas serão enterradas
Envoltas apenas pela brutalidade, pela mortalha
Das palavras amontoadas em frases de prosa,
Frias como em documentos de cartório,
Cortantes como o fio da faca
De alucinado assassino.
O coração do homem e a alma do homem
Para conterem a paz precisam de palavras macias,
Necessitam de poesia.
Cria, poeta! Cria!
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Cuidados na ciranda do amor
O amor é ciranda colorida
Escolhe-se o par
Escolhe-se a dança
E para ser bem dançada
Não há de se errar o passo
E se errar, há de se pedir perdão
Mas saiba, que depois disso
Mesmo com a desculpa dada
A ciranda não será tão colorida não
Sempre haverá a desconfiança
De um dia se levar outro pisão.
Escolhe-se o par
Escolhe-se a dança
E para ser bem dançada
Não há de se errar o passo
E se errar, há de se pedir perdão
Mas saiba, que depois disso
Mesmo com a desculpa dada
A ciranda não será tão colorida não
Sempre haverá a desconfiança
De um dia se levar outro pisão.
domingo, 12 de maio de 2013
A revolta tem mãe
Mãe
Seus rotos filhos
Que pouco comiam
Que pouco estudavam
Que nada esperavam
E vendiam laranjas nas esquinas
E se viravam como flanelinhas
E que sumiram no mundo
Que alimentam revoltas diárias
E que se fazem revolta nos abrigos
Esperando salvação pública
Serão presos e guardados
Não importando a idade
Pois com tão maus costumes
Não servem à sociedade
A mesma sociedade
Que os jogou no lixo
Como se joga morto bicho.
Seus rotos filhos
Que pouco comiam
Que pouco estudavam
Que nada esperavam
E vendiam laranjas nas esquinas
E se viravam como flanelinhas
E que sumiram no mundo
Que alimentam revoltas diárias
E que se fazem revolta nos abrigos
Esperando salvação pública
Serão presos e guardados
Não importando a idade
Pois com tão maus costumes
Não servem à sociedade
A mesma sociedade
Que os jogou no lixo
Como se joga morto bicho.
Manhãs de domingo
Gosto de escrever aos domingos
Nas manhãs que me despedem indo
Antes do almoço, a esquecer desgostos
A talhar futuras linhas, versos soltos
Passo o café cedo como um rito de fé
Tenho prazer nisso, em pequenos atos até
E sinto, nessas curtas manhãs de domingo
A vida que vai seguindo, seguindo
Ela ficando grande e eu neste mundinho
Ruminando-me, matutando, sumindo-me.
Nas manhãs que me despedem indo
Antes do almoço, a esquecer desgostos
A talhar futuras linhas, versos soltos
Passo o café cedo como um rito de fé
Tenho prazer nisso, em pequenos atos até
E sinto, nessas curtas manhãs de domingo
A vida que vai seguindo, seguindo
Ela ficando grande e eu neste mundinho
Ruminando-me, matutando, sumindo-me.
domingo, 5 de maio de 2013
Acredite
Vá homem de pouca fé
Nem tudo está perdido
Há sempre uma cerveja
Esquecida na geladeira!
Angélica Diaba
Angélica só era anjo no nome
De resto, uma diaba
Linda e dissimulada
Quente, encalorada
Daquelas que nos apresenta o inferno
Como se fosse a sua própria casa.
Palavra branca
Uma palavra branca e leve
Sai dos teus lábios
Paina que baila no ancho céu
Beija minh'alma inquieta
E me faz paz, me faz anjo.
As utopias não morrem
Essa história de que as utopias estão em crise, que o sonho cedeu seu lugar à realidade bárbara e hipócrita apenas, não passa de historinha para jumento dormir. Uma boa justificativa para o roubo descarado da coisa pública e da submissão do homem a grandes pulhas da ideologia barata do se dar bem, custe o que custar, inclusive a nossa pele. Voltemos a sonhar, pois.
sábado, 4 de maio de 2013
Crianças não matam deuses
Quando criança
Tinha medo dos homens
Que mataram seu próprio Deus
E nas minhas inocentes orações
Esperava aquele criatura
Descer da cruz
Para um longo abraço
De perdão pelo o que não fiz.
Morena na laje
Para a Fernanda Rocha
Nesta tarde de Sol e preguiça
Ao longe meus olhos me convidam
E penso ser o mesmo Sol que te espia
Banhada de morenice na laje.
Nesta tarde de Sol e preguiça
Ao longe meus olhos me convidam
E penso ser o mesmo Sol que te espia
Banhada de morenice na laje.
Desejo e espera
Ali
Há uma estrada que aguarda marcas dos teus pés
Vá
Olha a paisagem que a ti observa e te deseja nela
Vá
O mundo e tudo que nele há te ansiaram por eras
Ali
Há uma flor que vestiu-se de esperança e te espera.
Há uma estrada que aguarda marcas dos teus pés
Vá
Olha a paisagem que a ti observa e te deseja nela
Vá
O mundo e tudo que nele há te ansiaram por eras
Ali
Há uma flor que vestiu-se de esperança e te espera.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Doiras meu caminho
Olha, Cariño, o Sol
Que no horizonte
Vem surgindo
Que ilumina teus olhos
Na direção do infinito
E doira o caminho
Que, guiado por ti
Hei seguido e vivido.
Que no horizonte
Vem surgindo
Que ilumina teus olhos
Na direção do infinito
E doira o caminho
Que, guiado por ti
Hei seguido e vivido.
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