sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Um raio na Belle Époque

Um raio deveria cair na História
E acabar com o que não deu certo
E nos jogou nessa vida sem sentido

Na Belle Époque por exemplo
Deveria espocar um raio monstruoso
Sobre esse barroco tardio que nos alcança
Ausente de anjos rechonchudos
Mas cheio das endemoniadas

Que bela época é essa
Forradinha de modernidades
Automóvel, telégrafo e telefone
Absinto, tônicos e maquiagem
E berço de todas as futilidades?

Vem daí nossos maus costumes
A invenção do analista
E de todas dúvidas existenciais

Vem desta louca época
O homem que não acredita
Que por adorar tanto o inútil
Passou a ser inútil também

Somos filhos disso tudo
E fazemos em nossos dias
Retratos de uma vida inteira
Fita de filme mudo e vazia
Carlitos em desespero

Por isso lamento muito
Que a máquina de Tesla
Que num raio faria tudo em pó
Nunca tenha funcionado.

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