sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pecados na manhã

A cidade acorda em preguiça e desdém
Na manhã
Há uma névoa a encobrir os pecados da noite

E um homem, meu Deus, que dorme
Na podridão e nas caixas de papelão desfeitas
Abraçado a um pulguento e doente cão
(Cobertor de ossos e companheiro das andanças
Pelos lixos da cidade em busca de pão)

O Sol aparece e fecha imediatamente seus olhos
De vergonha, revolta e comiseração,
Pelo cão que dorme, pelo homem, Santo Deus,
Por esses pecados que amanhecem todos os dias
E que também são pecados meus.

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