quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A aurora me acordou

Renoir
A aurora na cidade é tão áspera quanto o asfalto
Medonha, modorrenta, monótona, medonha
Aurora para ser aurora tem que ter algo de campo
A simplicidade de uma vida que passa sem passar
Lenta, lenta como abraço em quem se ama
Aurora tem que ter cheiro de mar
Aurora tem que se vestir de silêncios
Só o silêncio da boa aurora acorda o espírito
Com sininhos que sacodem a alma das coisas.

domingo, 27 de outubro de 2013

Um tanto mulher

Um tanto diva, um tanto ela mesma
Um tanto santa, um tanto capeta
Um tanto pudica, um tanto puta
Um tanto amor, um tanto desprezo
Um tanto quero, um tanto não quero
Um tanto mulher, um tanto mulher...

Vida errabunda, somos os goliardos

Adoramos a boa vida
Monges beberrões inveterados
Pelo Papa amaldiçoados
Ah, nós somos os goliardos
Sim somos alegres bonachões
Os bardos enamorados

Somos soltos pelo mundo
Como o vento que sopra
Na vastidão das campinas
E de nossas bocas é a obra
Que multiplica os hereges
Que as puras moças soçobra

Monges loucos menestréis
Ah, nós somos os goliardos
E aos ricos que aqui passam
Pedimos alguns trocados
Para jarras de bom vinho
E mulheres do pecado

Nesta vida errabunda
Somos monges mendicantes
Os pobres anjos malditos
Por isso temos amantes
Por qualquer feira e lugar
Somos os monges cantantes.

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Errabundus - no português ficaria errabundo - era o nome que se dava aos errantes vagabundos e vadios (os poetas de taverna inclusos!). Na Idade Média (Século XIII), esses poetas errabundos receberam do Papa a denominação do "goliardos" - uns monges-demônios, simpáticos beberrões, que erravam pela Europa falando mal de quem tinha poder: reis, nobres, juízes e a própria Igreja e destacando o amor terreno e carnal. As Canções de Burana, ou Carmina Burana, são exemplos do que esses monges escreviam e cantavam.

sábado, 26 de outubro de 2013

Quermesses de domingo

Só considero dia perdido
O dia que nada escrevo
E sempre escrevo
Num desespero de escravo mouro

Para minha alma os versos
São de bom proveito
São meus versos a sua louca vontade
De te ver novamente
Viva como as flores amanhecidas
Em beleza, despudor e rubor
Ao dizeres a mim coisas quentes
E de amor na congelada manhã

Meus versos te alcançam
Bem sei, bem imagino
Em dias de passeio, no Domingo
Meus versos visitam quermesses
E te oferecerem música
Sussurrada ao teu ouvido

Musiquinha de amor
Simples como ele
Inesquecível como ele

Meus versos nascem
Para ti todos os dias
Como nasce o Sol
Para o verde das plantas

E se por acaso não nascerem
Meus versos como sempre nascem
Certamente estarei junto a ti
Porque nesse dia também morri.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Primeiro beijo

Olho nos teus olhos
Puras interrogações
Interrogam-me
Rogam-me
Explicações
Explico e digo
De olho para olho
De olhos fechados
Na linguagem
Dos senões
Se não fosse a Lua
Se não fosse essa tremedeira
Se não fosse tua respiração
Esse suador bom
Esse roçar dos teus peitos
Esse ar narcótico perfumado
Tuas mãos na minha orelha
E minha cabeça rodando
Diria te amo
Com a minha língua
Dentro de tua boca.

O punhal

Na mesa o punhal
Repousa atento
Feito para uso
E calado enferruja
Espera hora
Há de ter serventia
Há de ser punhal
Espera
Porque sua tarefa
É sempre a última.

Passos miúdos de não querer chegar

Vou falando da vida
Comigo mesmo
Pois careço companhia
Lá em cima o chapadão
Não quero chegar lá não
Sigo em frente
Para o outro lado
Em pensamento
No caminho das lembranças
De passo miúdo sem querer
Marcha de estrada
Sem montaria
Vou como infante
Como velho peão
Servi muitos generais
Exércitos de penitentes
Guerra ganhei não
Mas a boa luta lutei
É do lutar que vem o pão
Cego com os clarões
Dos campos de batalhas
Surdo porque escuto não
Vou falando sozinho
Não tenho quem me escute não
Dessas peleias só lamento
Aqueles que aqui não estão
Os que ficaram pelo caminho
E que são carga no meu coração
Sou surdo, eles não falam não
Ganharam outro rumo
Hoje moram no chapadão.

Um raio na Belle Époque

Um raio deveria cair na História
E acabar com o que não deu certo
E nos jogou nessa vida sem sentido

Na Belle Époque por exemplo
Deveria espocar um raio monstruoso
Sobre esse barroco tardio que nos alcança
Ausente de anjos rechonchudos
Mas cheio das endemoniadas

Que bela época é essa
Forradinha de modernidades
Automóvel, telégrafo e telefone
Absinto, tônicos e maquiagem
E berço de todas as futilidades?

Vem daí nossos maus costumes
A invenção do analista
E de todas dúvidas existenciais

Vem desta louca época
O homem que não acredita
Que por adorar tanto o inútil
Passou a ser inútil também

Somos filhos disso tudo
E fazemos em nossos dias
Retratos de uma vida inteira
Fita de filme mudo e vazia
Carlitos em desespero

Por isso lamento muito
Que a máquina de Tesla
Que num raio faria tudo em pó
Nunca tenha funcionado.

Soneto-haikai - O encanto da vida

Há espírito nas coisas
Quando morre a onda
É quando nasce a vaga
Que é da água sua alma

Há espírito nas coisas
Do fogo, o calor
Do Sol, estrelas, o fulgor
Das flores, o aroma

Do bem-querer, a amizade
Do amar, o amor
Do belo, o encantamento

Poder ver a alma das coisas
Torna-nos felizes
Pois na alma mora o encanto.

Canção do mísero retalho

Tu que tanto amor procuras
Ao vê-lo fechas os olhos
Um olho por preconceito
O outro por puro medo
Por que procuras
Aquilo que já encontraste?

O amor é mísero retalho
De um pano muito curto
Que mal veste nosso coração
Nada para ele se faz justo
Por isso não te percas
Na procura de roupa não

Sei que tu tens os teus caprichos
Essas coisas de mulher
Porém, hás de decidir
Felicidade passa e não espera
Na esquina outra aguarda
A felicidade que não te cabe.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Lápide

Esperar é estar vivo
Só temos esta certeza
Quando esperamos

As pedras e os mortos
Nada mais esperam

Só os teimosos no respirar
Têm essa gana e vontade
De esperar, de insistir
Em não virarem pedras
Lápides de quem esperou.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Teus brincos e o tempo

Abro a gaveta e lá no fundo
Encontro teus brincos
Lembro-me deles, dois pêndulos
No balanço marcando o tempo
Que foi tão curto
Tão enfeitado nas flores
Que teus brincos imitavam
No prata misturado a doirados
Na pérola pendida solitária
Hoje, o metal está escuro
Hoje, o amor nele oxidou
São brincos de gaveta
Que não mais te enfeitam
Hoje, não mais marcam meus minutos
Relógios que pararam
Ponteiros adormecidos
Num tempo que não é mais.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O próximo poema

Há quase três mil anos os poetas tentam definir a vida e seus temperos, o amor principalmente. Nada se conseguiu em definitivo nesse tempo todo, por isso sempre começamos outro poema e outro e outro...

Teu braço no meu braço

Estou há dias querendo te escrever algo
Algo de bom-desejo, algo de bem-querer
Mas, faz tanto tempo que não te vejo
Que toda lembrança tua é em mim saudade
Saudade que não trilha caminhos iluminados

Hoje, sou solitário choro a caminhar sobre navalhas

E neste ermo caminho, Cariño
Ando a falar doidamente sozinho
A deixar de rastro o meu sangue basto
Sem o contentamento da tua presença
Sem sentir o teu braço no meu braço.

domingo, 20 de outubro de 2013

Zumbi em novo horário

De todas as besteiras que já vi
De todas as loucuras deste mundo cão
A mais doida é essa que nos faz zumbis
É essa merda de Horário de Verão!

Canção para ninar meu amor


Dorme amor, amor
Dormir, dormir, dormir
Dorme, querida
A vida é assim
Dorme querida
Cansaço sem ter fim

Vem a noite
Com cheiro de jasmim
Só o vento não dorme
É carícia de cetim
Só o vento não dorme
E me faz feliz assim

Dorme amor, amor
Dormir, dormir, dormir
A vida é assim
Dorme querida
Meu amor é assim
Amor que não tem fim.

sábado, 19 de outubro de 2013

Poemas de palavrões

Li um poema repleto de palavrões
Nada contra
Palavrões merecem vida nas letras
Mas, agridem
São duros, feios e ausentes de lirismo
A poesia,
A social, precisa agredir, transgredir
Costumes
Mas o recurso do xingamento explícito
Ou gratuito
No verso sem sentido, manco, capenga
É nada
É ideia que gira bolsa na esquina, quenga
Uma puta
A vender falso amor barato ao pobre leitor.

Crimes da paixão

À Gisele Borges
Nas ruas da cidade
Nos bares, até em igreja
E outras coisas de santidade
Há sempre a possibilidade
De um crime escondido
Em olhos passionais
Daqueles que nos atacam
Com punhais, com convites
Para o desconhecido
São criminosos esses olhares
De ocasião
Mas como provar da paixão
Sem cometer delitos
Sem deixar-nos expostos
Aos tiros dos belos olhos?


Suspiros do silêncio

Gosto de ti quando me acompanhas
No namoro da Lua
Quando ficamos ali juntos e em nós mesmos
Contando estrelas
Conversando apenas com os olhos
Que trazem em reflexos imensidões
Como é bom esses diálogos mudos
Tendo como testemunha a Lua
E como platéia pontinhos de luz
Como ontem à noite, no eclipse
Em que conversamos tanto
Com nossos corações
Que até pensei ouvir suspiros
Vindo do mais fundo espaço
Daquele mais profundo silêncio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Teus olhos fechei

Gritei teu nome
Gritei
Até ficar sem voz
Fiquei
Teu corpo sem vida
Gelado
Chorei
E teus olhos mudos
Vitrificados
Fechei.

Novo Gênero literário - Biografia Suspense

Início da biografia não autorizada de certo sujeito depois da censura - Ele gostava de ver leãozinho na praia e nasceu na Bahia... Mas não era Caetano. Parecido mas não era. Participou da Tropicália, mas não era Caetano. Foi apanhado pela polícia de Santa Catarina portando uns cigarrinhos do capeta, mas não era Caetano, parecido, mas não era....

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Beijos do tempo

Pelos meus dedos escorrem teus cabelos
Densas lisuras
Os beijos do tempo devoram a nós mesmos
Buscam o fim
Tua boca na minha boca é resistência
Quer ficar
Tuas mãos no meu peito são arrepios
Densas lisuras
Teus olhos que se fecham em apertos
Buscam o fim
E minha língua na tua língua em desespero
Quer ficar.


Acorda, curtos são os dias

Acordaste em alegria
E deste ao Sol luzes
Bons-dias
Como se este dia fosse único
E me disseste contente
Acorda, acorda
Curta é a vida, curtos são os dias! 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Oração para afastar chifre e chifrudos

Nesse canto que faço agora
Peço a todos os Santos
De peito e coração
Livrai-nos de toda dor
Da ruína e tentação

Livrai-nos
De mulher do olhar atrevido
Do chifre
Do touro desembestado
Do tiro
Do corno metido a macho
Do choro
Do corno metido a manso
Livrai-nos
Da atrevida, porque é fácil
Do touro, porque não somos tontos
E dos outros dois chifrudos, livrai-nos
Dos maus costumes que eles têm
Para não ganharmos chifres também.

domingo, 13 de outubro de 2013

Floradas de Primavera

Certas coisas me deixam com o olhar macio,
Pronto para poemas exageradamente doces
Cerejeiras floridas na Primavera, ipês multicores
E teus olhos que se alegram com tantas flores.

sábado, 12 de outubro de 2013

Roupa de defunto

Quando menino
Já usei roupa de defunto
Que o dono da funerária me deu
E um alfaiate de boa alma ajustou
Incomodava-me a roupa de morto
Mas depois pensei
Que aquela era sua serventia
Vestir os vivos
Morto não precisava de muda
Porque aonde estava
Roupa nada significava
Em seu mundo
As almas eram peladas.

A cruz de pinho

Quando menino
Com minhas mãos
Já fiz cruz para cemitério
Lixada, bem cortada
Pintada de azul-céu
Disseram-me que era
Para outro menino
Que nunca soube quem fora
Noutro dia, um homem triste
Veio e levou a cruz de pinho
Que seria solitário enfeite
Em terra vermelha reservada aos anjos
Levou a cruz, mas a alma da cruz
Ficou-me sempre no peito clavada
Em solidão, a marcar
A morte daquele menino que fui
E que começava a entender o mundo.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Tagarelices do Silêncio

Por ofício das letras
Sou interprete do silêncio
Nada mais pode ser mais tagarela
E revelador do que o silêncio
Acompanhado de gestos
Quase toda natureza fala assim
Silenciosamente

De uma monera
De uma árvore
Da mais simples célula
Aos seres complexos
Tudo pode ser dito no gesto
Por isso entendo essa linguagem
Tão profunda e universal
Que é o nascer dos seres
A resistência em vida
A crueldade da morte

Mas de todos os silêncios
O que ainda carece de tradução
Incompreensível que é
É aquele que vem
Do coração de uma mulher.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Adeus à brisa

Mando-te notícias
Por onde eu for
Deixo aqui meu amor
levo comigo pequenas
Miudinhas apenas
Mágoas que tu sabes

Ah, fica com a chave
A mim sem serventia
Sem necessidade

Dá minhas lágrimas
Para os passarinhos
E aos cães pulguentos
Meus ossos que aqui ficam

E aquela árvore que plantei
No dia que te conheci
Aduba com verde e sincera
Verdade, verdade somente
Que para comigo faltaste

Mando-te notícias
Por onde eu for
Será coisa pouca
Recadinhos simples
Palavras breves
Do vento que se esquece
Da brisa que tanto amou.




Esperança, teu nome é criança

Meus amigos se fazem crianças
Em suas fotos de tempos distantes
Nelas guardam sorrisos, olhares vivos
Da mais pura Esperança
Como éramos puros, amigos
Como éramos divinamente crianças.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Partitura da canção estelar

Os poetas são músicos estelares
Todas as noites, a vida inteira
Fazem a leitura da grande partitura
E reproduzem suas sonoridades

São tantas as estrelas
São tantos os seus mundos
De tal sorte, que cada uma
Reclama para si poesias

Não há estrela sem dono
Não há limites no Universo
E a música será eterna
Enquanto existirem poetas

E aquela estrelinha miúda
Que de tão fraquinha em luz
Ninguém dá importância
Faz parte da grande sinfonia

E aquela outra novinha
Brilhante como joia rara
É abertura de nova ária
Música de criança a crescer

E aquel´outra tão minha
Que só pelo céu caminha
É a canção do meu coração
Cantada por triste padecer.

Carrancas

Dia que me faz carrancas
Em perfeito cinza, quase escuro
Frio como defunto
Parado como cemitério.

domingo, 6 de outubro de 2013

Tralhas de Domingo

Meu Domingo termina cansado
Andei mil léguas em pensamento
E depois de tanto andar naveguei
Pelo mar revolto em antigas
naus

Pensamento vai de remo, vai a pé
Para em porto, no caminho faz fé
Voa também, em infinitas alturas
Leva-me longe e é desassossego

E no início da noite para mim volto
Sou de mim o próprio seguro porto
Onde deposito as tralhas da viagem

Hoje trouxe-me bocados de céu
As ternuras de todos os olhares
E fardos de Esperanças a granel.

Destinos

Destino do vento é ventar
Fado meu, Cariño,
E doce desatino é te amar
Por isso canto a ventania
Grito aos quatro cantos
Dessa redonda Terra
O quanto te amo
Paixão e vida minha.

Santo dia

No Domingo
Todo ócio é bendito
E a benta preguiça
Não é pecado não!

Impudica



E aquela palavra que me escapava

Peguei-a pelo rabo

E era tão bela, impudica e grande.

sábado, 5 de outubro de 2013

A Rosa seca

Aquela rosa que roubaste do meu jardim
Hoje é morta
Secou por mau tratos num vaso sem água
Folhas secas
Amor natimorto, belo como rosto de anjo
Anjo morto
Que não viveu para sair pelo céu voando.

Milonga das mágoas


Pelos currais como gado
Passam porteiras meninos
Crescem na vida largados
São minha gente, amigo
Pelo amor esquecidos
E de corações magoados

Vivem na fome e na peste
Vivem como bicho perdidos
Na solidão das cidades
São minha gente, amigo
A espera de solidariedade

Meus olhos estão cansados
De ver tanto horror espalhado
Pelos homens atormentados
Que na vida inda pouco espero
Do que o viver contrariado

Vou por este caminho afora
Assoviando com o vento
Em mim metendo a espora
Pra ver se desembesto
E fujo do que me apavora.



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Pergunta que mata

Coloca brinco, tira brinco
Prova a saia, tira a saia
Um sapato, outro sapato...
E eu ali na taquicardia,
Suando frio, cataléptico
Esperando a mais terrível
E desumana pergunta
-- Bennnhê, de qual você gostou? --

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Tempo de viver

Olha, meu amor, o céu
Num azul menino
Que chama para a vida
Em luz, em felicidade

Olha, amada, o jardim
E o colorido das flores
Lírios branquinhos
Cravos encarnados

Olha essas criaturas
Que vivem sem pensar
No amanhã incerto
Em coisas tão chatas

Vamos, amada minha
A vida é tão curtinha
Que o amor que tenho
Não cabe nela não.

Amor selvagem

Tive por ti um amor de bicho
Desses animalescos
Em que se devora a carne
Um do outro, em urros, gritos

Ah, teus dentes devoradores
Afiados pela paixão dos selvagens...

...Até o dia em que nos cansamos
Daquela antropofagia delirante
E cada um foi para seu canto

Mas hoje, longe de tuas garras
Sinto que tu guardas
Pedaços de mim
Partes do meu coração
Que nunca devolveste.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Lembrança e perfume



Tento esquecer-te

Mas quando escuto

Sobre mares profundos

Lembro-me de teus olhos

Sobre coisas ternas

Lembro-me de ti

E o ar... o ar que a tudo envolve

É a mim, desgraçadamente

Tua lembrança e perfume.