segunda-feira, 24 de março de 2014

O castigo de Netuno

Vestida com o tecido do vento
Na noite de luz de Lua Cheia
Ela se me apresentou
Era do mar a Sereia -- disse-me.

Oferenda da veneranda Deusa
Aos navegantes de braços cansados
Aos homens que ao mar se lançam
E aos oceanos desejam
Como derradeiro berço.

Homens que, pelo isolamento
Pela falta do contato humano
Só têm em paradas no porto
Alguns carinhos e contentamento.

-- Mas, Netuno há de me castigar -- disse-lhe
Não posso, Minha Divindade
Amar, mesmo que por pouco, uma Sereia
É para os mortais sentença de morte.

E ela me olhou com pena
E disse que não -- não para mim
E me afagou os cabelos
E me fez sentir homem pleno
Ali, na areia mesmo, ao luar
Da meia-noite ao amanhecer

Depois, quando eu dormia,
Sumiu, amou-me por uma noite apenas.

E Netuno como castigo não me tirou a vida
Porém, em noite de vento sereno
Coloca no meu coração a baldes
Mais saudades do que as águas do mar.


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