segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Pássaros raros


Anoitecido sou forte,
Faço susto aos astros,
Brigo com minhas sombras
E, ao largo, boto a fugir as luzes todas.
Assim cansado, deixo de lado o sono
E em vigília terna, no colo, nos braços,
Envolvo os escuros da noite
Como se fossem pombos,
Pássaros raros
Que, contrariado,
Aos céus sempre devolvo.

Mas, de dia, que desastre sou.
Puro medo; medo e horror!
Cedo, topo e tropeço na luz,
Que em fina réstia
Vaza da janela ao quarto.
Asim, iluminado fica este velho corpo
Cansado e desnorteado
Por não saber você
E de você nada ter provado.


Tivesse prestado mais atenção,
Tivesse no seu coração estado,
Tivesse ido além do permitido,
Entrado em sua alma, amado,
Não sentiria este quente arrepio
De tê-la sempre em pensamento,
chama, eternamente ao meu lado.

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