sexta-feira, 17 de outubro de 2008

As Parcas na sala de costura


Nona, deusa estranha que a vida tece,
Ganha todos os dias várias encomendas
E quando pica o dedo com suas agulhas
Grita e chora a dor de todos os partos.

São simples encomendas apenas, sem paga,
Sem preço é a vida que pelo seu fio passa.
Chora a mãe de felicidade, chora a criança
Que vem à luz; chora a Parca sua desgraça.

Décima dá tamanho para o fio do condenado.
É triste o labor desta deusa que cose a vida
Em bordado único, sem cor, sempre inacabado.

Chorem as divindades, que se revoltem os deuses,
Que chorem Nona e Décima. Pois não há piedade
Na cega tesoura que a inclemente Morta carrega.

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