Matou a Língua Portuguesa
Na mais cruel e cru crueldade.
Com uma faca desossou os "esses".
A pauladas trocou os "eles" pelo "erres".
Depois, cortou em pedacinhos
A Gramática e o Aurélio.
Feliz, lavou as mãos no rio,
Esticou a vara de pescar,
Inclinou o chapéu de palha sobre a testa,
Acendeu o "paieiro"
E lascou assunto a seu cão perdigueiro:
"Eita, vida amargurada, sô,
Não matei ninguém não,
Só dei sumiço na soberba,
Bestagens dos bestuntos,
Nas coisas de nego metido!".
O cão olhou para o capiau
Abanou lentamente o rabo
Como se matutasse
E latiu duas vezes.
Na conversa da cachorrada
Que vive nos matos,
Na língua deles,
Que não tem gramática,
Dois latidos significam
"Ocê tá certo memo!".
Na mais cruel e cru crueldade.
Com uma faca desossou os "esses".
A pauladas trocou os "eles" pelo "erres".
Depois, cortou em pedacinhos
A Gramática e o Aurélio.
Feliz, lavou as mãos no rio,
Esticou a vara de pescar,
Inclinou o chapéu de palha sobre a testa,
Acendeu o "paieiro"
E lascou assunto a seu cão perdigueiro:
"Eita, vida amargurada, sô,
Não matei ninguém não,
Só dei sumiço na soberba,
Bestagens dos bestuntos,
Nas coisas de nego metido!".
O cão olhou para o capiau
Abanou lentamente o rabo
Como se matutasse
E latiu duas vezes.
Na conversa da cachorrada
Que vive nos matos,
Na língua deles,
Que não tem gramática,
Dois latidos significam
"Ocê tá certo memo!".
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