quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O que se leva dessa vida

O amor varia em sentido,
Direção e intensidade.
É um vetor, dirão os físicos.
A flechinha do Cupido,
Dirão os tolos apaixonados.
Mas medi-lo, quem pode?
Não há ciência no amor,
Não há nada que o explique:
Ama-se e pronto.
De resto, nesta vida besta,
Nos sobra pouco.
No final, no acerto que é certo
Com nós mesmos, ali,
Antes do último suspiro,
Saberemos da única bagagem
Que nos será permitida.

Não é a glória,
A vaidade dos homens,
Nem o dinheiro
E também não é
O lamber no próprio umbigo.

É a saudade do que foi amado,
O amor tido e havido.

Por isso vou contente,
Já com os braços cansados.
Amei quem quis um dia
E noutros dias fui amado,
Pois é assim que funciona
Este mundo de amalucados.

Mas, Senhor, dúvida tenho
E pela dúvida sou consumido:
Se vou seguir caminho e pedir
No Céu direito à vadiagem,
Quem é que vai me ajudar
A carregar no peito tanta bagagem?

Um comentário:

♥Chris Kobor♥ disse...

Suas poesias são simplesmente fantasticas.
Parabens por seu trabalho.