domingo, 24 de janeiro de 2010

Taverna do Limbo





Uma mulher flutuava nua...
A taverna à noite ardia,
Mil poemas ali, no espaço,
Desenhados pelo corisco
Que rasgava o céu negro e nu.
Vergílio estava sóbrio e quieto,
Tinha em suas mãos novos versos
Que o temporal logo ouviria.
Tácito procurava a tragédia
No vermelho do molho do prato
Que levado à boca escorria
Pela barba, peito, até a túnica.
Nua flutuava uma mulher
Na taverna que na noite ardia.

Em latim:

Limbi Taberna

Femina nuda fluctuabat...
Noctu hac taberna ardebat
Mille poemates ibi, in spatio,
Fulmine adumbrabant
Quod caelum nigerum et nudum lacerabat.
Vergilius sobrius et quietus erat,
Novi versus in manibus habebat
Quos propediem tempestas audiret.
Tacitus tragoediam quaerebat
In rubricam conditionis patinae;
Qui oris barba, pectore,
Tunica tenus
stillabat.
Femina nuda fluctuabat
In tabernam quam nocte ardebat.


Ilustração de Gustave Doré (séc. XIX): Dante, Homero, Lucano, Virgílio e outras grandes figuras da Antiguidade no Limbo.

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