domingo, 11 de julho de 2010

Ao pé da serra

Denso, mas transparente
Como uma lágrima...
Quem me dera
Um poema assim!
Mário Quintana


A translucidade da fria cascata
Aproveitava-se das sombras
Para refletir no fundo do rio
A nudez angélica de teu pudor.

Ao longe, os morros da serra
Espiavam nossa ingênua natureza
Feita de inocentes brinquedos,
Espumas sobre as duras pedras.

Nossos lábios gelados aqueciam-se
Em beijos refrescados pela torrente
E dispensavam, assim, toda palavra
Que, em desdém, o puro amor rejeita.

Livres, naturalmente libertos e leves,
Amava-nos sobre a rubrocidade
Do pejo do espelho que nos tinha presos
Em abraços abrasados nas águas imersos.

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