segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sou substância e palavra

Sou substância e palavra,
A junção de químicos elementos,
A vida pensada pelos deuses
Que se alimentam de vento.

Minhas células nunca dormem
Nem dormem meus pensamentos;
Há horror no roubo dos elétrons,
Há temores naquilo que faço e penso.

Minha palavra é impulso fotônico
Moldado em ancestral gramática
Dos que passaram pela vida
A juntar primitivos grunhidos aos fatos.

Meu amor, meu ódio, meu silêncio,
Meu querer, meus distanciamentos
Podem ser mensurados pela elétrica
Pulsão do coração e seus batimentos.

Quando rio, sou o riso dos mésons discretos.
Quando falo, sou o falar dos compostos.
Quando penso, sou o pensar dos fótons.
Quando vivo, sou dos átomos o triste gesto.

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