segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A bailarina na chuva

Graça dança estranho ballet na calçada...
Chove, ela ri, delira e acha graça.

De graça, Graça grassa por todos os olhos
Dos curiosos que se babam.
Afinal, há muito espanto naquele espetáculo
Oferecido pela bailarina nua.

Graça treme, tem os lábios roxos,
Olhos distantes, alienados, frouxos...
Sua dança é prazer, é o gozo
A deixar-lhe inteirinha molhada,
Até mesmo nas partes
Em que a chuva divina
E a baba dos pasmados babosos
Não chegam em atrevimento.

A sirena da ambulância interrompe a cena.
Graça para, curva-se e agradece
Aos que prestigiaram suas piruetas
Coreografadas por graciosa demência.

Nenhum comentário: