segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A magreza da Polaca

Sonolenta,
Cansada,
Irritada,
Sem fome,
Magra;

Com dores de cabeça
- Tonta, ela desmaiava -
De repente,
A Polaca deixou de ser rosa
E largou-se pálida no meu colo.
Leucemia, disse o médico.

Leucemia é o diagnóstico.
Leucemia é a condenação
Ouvida nos consultórios
Transformados em tribunais
Sobre repentino cadafalso.

Olho para a Polaca e ela chora.
Tinha dores, estava fraca,
Branca, branca, branca...
Sem esperanças, sem remédio.

Desespero,
Vontade de bater com a cabeça na parede.
Matar os médicos,
Arautos do mundo dos mortos.
Morrer também.
Blasfemei, chorei, gritei,
Soquei nuvens distantes,
Soquei-me, em sangue deixei-me
E os deuses nem ligaram
Para essas doidas revoltas
Do doido tolo dos tolos
E mantiveram a sentença
Em duras e cruas palavras
Inspiradas pela impotência:
Leucemia aguda, sem cura.

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