terça-feira, 4 de março de 2014

O pão que mastigo

Sou o miserável poeta
Imerso nas vis angústias
Desta abjeta vida incerta
De macambúzios versos
Escritos de antemão
Pelas frias mãos dos deuses

Escravo dessas deidades
Que meu pão mastigam
Amanhecido e estragado
Pelas lágrimas dos sofridos
Mastigo o pão mastigado
E o vomito por castigo

E pelas mãos lambuzadas
No vômito incontido
Vazam-me versos infetos
Dos excrementos infames
Daqueles que nos dominam
Pela escravidão e rapina

Sou o miserável poeta
Que a alma se compadece
Desse nosso povo pobre
E que se não fosse a sina
De escrever como castigo
Furaria os próprios olhos.

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