Amor para um cego que não vê caminho
E anda a cambalear mesmo em clara via
Foi-me dado na vida, mas neguei carinho
Para não me prender, para ser poesia
Cederam-me também cadeira numa mesa
A fim de que contasse a vida dos políticos
Coisas de economia, cálculos e aspereza
Ou os que morrem em gráfico torto e analítico
Pagaram-me dinheiro para esses trabalhos
E depois bom descanso e sono com o tédio
Nas promessas de sossego quando grisalho
Mas nada disso quis, a morte e seu assédio
Por trocados eu não mais escrevo e emporcalho
A sina de poeta pobre e sem remédio.
E anda a cambalear mesmo em clara via
Foi-me dado na vida, mas neguei carinho
Para não me prender, para ser poesia
Cederam-me também cadeira numa mesa
A fim de que contasse a vida dos políticos
Coisas de economia, cálculos e aspereza
Ou os que morrem em gráfico torto e analítico
Pagaram-me dinheiro para esses trabalhos
E depois bom descanso e sono com o tédio
Nas promessas de sossego quando grisalho
Mas nada disso quis, a morte e seu assédio
Por trocados eu não mais escrevo e emporcalho
A sina de poeta pobre e sem remédio.
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